O JornalDentistry em 2021-2-11
Um estudo recente realizado por cientistas da Universidade Masaryk, em Brno, sugere que pode haver uma ligação entre a halitose de início novo e o curso de uma infeção pelo SARS-CoV-2.
De acordo com o Dr. Abanoub Riad, pesquisador na Czech National Centre for Evidence-Based Healthcare and Knowledge Translation (CEBHC-KT) e a sua equipe estavam cientes do fato de que a cavidade oral poderia fornecer um habitat sustentável para o SARS-CoV-2 a partir de março de 2020. Pesquisas de cientistas chineses realizadas em fevereiro já mostravam que a xerostomia (ressecamento anormal na boca) e a ageusia (perda de funções de paladar da língua) estão entre os sintomas prevalentes, do COVID-19.
Entre maio e agosto de 2020, um total de 18 pacientes procuraram atendimento por causa de "um mau odor oral ofensivo que precipitou notável sofrimento psicossocial". A intensidade da halitose foi objetivamente medida com um instrumento amplamente utilizado para análise e tratamento da halitose crónica. Este dispositivo conta a quantidade de compostos voláteis de enxofre em partes por bilhão. "Avaliamos a intensidade da halitose duas vezes: na visita inicial e depois de um mês. A nossa análise estatística revelou que houve uma diminuição significativa da intensidade de halitose ao longo do tempo na grande maioria dos pacientes", afirmou Riad.
Essas descobertas são relevantes para pesquisas futuras, disse Riad. “Os nossos resultados corroboram a hipótese do SARS-CoV-2 ser capaz de desencadear alterações epiteliais do dorso da língua devido à alta expressão da enzima conversor de angiotensina 2. Essa hipótese pode explicar por que o fluxo salivar é perturbado em pacientes COVID-19, especialmente nos que relataram xerostomia. Embora não haja certeza sobre a razão porque a halitose emergiu e declinou simultaneamente com o curso do COVID-19, este fenómeno interessante apoia a relação causal entre essas duas entidades de acordo com os critérios de Bradford Hill", comentou.
"Não podemos descartar o papel dos medicamentos, especialmente o de antibióticos desnecessariamente prescritos ou consumidos, e o impacto psicológico da pandemia COVID-19 no comportamento relacionado à saúde, inclusive na higiene oral.
Como o grupo de mostragem de pacientes era bastante pequeno, Riad acrescentou: "Gostaria de aproveitar essa oportunidade para convocar todos os pesquisadores e profissionais de medicina dentária em todo o mundo a unir forças e alocar recursos para realizar estudos epidemiológicos maiores sobre manifestações orais COVID-19, especialmente sintomas muco cutâneos."
Fonte: Masaryk University, Brno República Checa
O artigo foi publicado em 29 de novembro de 2020 no Special Care in Dentistry
Pesquisa realizada por investigadores chineses