O JornalDentistry em 2021-2-09

ARTIGOS

O Tabaco e a sua influência nas doenças Periodontais, Perioimplantares e Implantes Dentários

Fumar é reconhecido como um importante fator de risco para doenças crónicas não transmissíveis. As doenças relacionadas ao tabagismo tornaram-se numa das principais causas de morte no mundo

Apesar de uma redução nos hábitos de fumar, as estimativas sugerem que em 2020 aproximadamente 10% de todas as mortes estejam relacionadas ao tabagismo.

A periodontite, considerada uma das mais prevalentes e principais doenças periodontais é definida como “doença inflamatória crónica multifatorial associada com biofilme disbiótico e caracterizada pela destruição progressiva do aparato de inserção dental”. 

A prevalência de periodontite avançada mostra que aproximadamente 700 milhões de pessoas são afetadas em todo o mundo.

A relação entre o fumo e a periodontite já vem  a ser pesquisada à muitos anos e estudos longitudinais prospetivos demonstraram que há uma associação positiva entre o tabagismo e o maior risco de periodontite. As formas que o tabagismo afeta a incidência e a progressão da periodontite ainda permanecem incertas. Contudo, alguns mecanismos foram descritos, como, o efeito do tabagismo na composição da microbiota (mudança na composição do biofilme subgengival com um aumento na prevalência de patógenos periodontais), na resposta imunológica (retardo no recrutamento e migração de neutrófilos) e na capacidade de cicatrização do periodonto (maior atividade colagenolítica combinada com menos vasos sanguíneos gengivais).

O uso habitual de produtos de tabaco é também um fator de risco e afeta negativamente os resultados do tratamento das doenças peri-implantares (mucosite e pré-implantite) e implantes dentários. Pacientes fumadores tem uma  maior perda óssea da crista peri-implantar e maior taxa de perda dos implantes dentários.

O fumo do tabaco contém mais de 4000 toxinas potenciais, das quais a nicotina é considerada uma das mais perigosas e viciantes. Os efeitos vaso constritores da nicotina resultam na redução do sangramento à sondagem (um sinal clássico de doença periodontal e perimplantar), o que muitas vezes pode dificultar o correto diagnóstico da presença das doenças em fumadores em comparação com não fumadores. O médico dentista deve ficar mais atento durante o atendimento a pacientes fumadores.

Baseado nestes fatos, os médicos dentistas, como profissionais da saúde, devem orientar e conscientizar os seus pacientes fumadores dos efeitos negativos do tabaco nos tecidos periodontais e peri-implantares e na saúde geral. Devem aconselhar e estimular que o paciente se envolva com programas especiais para deixar de fumar. Os benefícios de deixar de fumar já foram demonstrados em estudos que mostram níveis reduzidos de destruição periodontal, menos dentes perdidos e melhores resultados do tratamento periodontal em ex-fumadores quando comparados aos fumadores.

Os médicos-dentistas têm uma grande oportunidade de melhorar a saúde e o bem-estar dos pacientes, incentivando e facilitando que todos os pacientes vivam livres do tabaco. Embora os pacientes possam enfrentar desafios para superar a dependência da nicotina para parar de fumar, os médicos dentistas podem aumentar as chances de sucesso  com uma abordagens personalizadas baseadas em evidência5.

 

Autor: Tatiana Miranda Deliberador

Fonte: CRO Paraná

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