O JornalDentistry em 2018-10-11
Estudo da Universidade de Illinois em Chicago,realizado em cobaias, sobre os efeitos de bactérias orais no cérebro, aponta para que a exposição prolongada a bactérias da doença periodontal causou inflamação e degeneração nos neurónios cerebrais com efeitos semelhantes aos da doença de Alzheimer em humanos.
Os resultados, publicados na revista PLOS ONE sugere que a doença periodontal, pode ser um iniciador da doença de Alzheimer, que atualmente contínua incurável.
Segundo Keiko Watanabe, Professor de Periodontia na Faculdade de Medicina Dentária da UIC e autor correspondente do estudo, outros estudos demonstraram uma estreita associação entre a periodontite e comprometimento cognitivo, mas este é o primeiro estudo a mostrar que a exposição a bactérias periodontais resulta na formação de placas senis que aceleram o desenvolvimento da neuropatologia encontrado em pacientes com Alzheimer. Foi uma grande surpresa, não se esperava que o patógeno periodontal tivesse tanta influência sobre o cérebro, ou que os efeitos fossem tão parecidos com a doença de Alzheimer.
Para estudar o impacto das bactérias sobre a saúde do cérebro, o Watanabe e os seu colega Vladimir Ilievski, Professor assistente de investigação na UIC e coautor do estudo, induziram periodontite em 10 cobaias do tipo selvagem. Outras 10 cobaias serviram como grupo de controle. Após 22 semanas de aplicação oral repetida das bactérias ao grupo, estudaram o tecido cerebral das cobaias e verificaram o estado de saúde do cérebro.
Descobriram que os ratos expostos às bactérias tinham significativamente maiores quantidades acumulada de beta-amiloide - uma placa senil encontrada no tecido cerebral dos pacientes com Alzheimer. O grupo de estudo também teve mais inflamação cerebral e devido à degeneração menos neurónios intactos .
Essas descobertas foram ainda apoiadas pela análise da proteína beta amiloide, e análise de RNA que mostrou maior expressão de genes associados à inflamação e degeneração no grupo de estudo. O DNA da bactéria periodontal também foi encontrado no tecido cerebral das cobaias do grupo de estudo, e uma proteína bacteriana foi observada dentro dos neurónios.
O estudo não só demonstram o movimento de bactérias da boca para o cérebro, mas também que a infeção crónica leva a efeitos neurais semelhantes aos da doença de Alzheimer
Watanabe considera que: "A higiene oral é um importante preditor de doenças, incluindo doenças que acontecem fora da boca. As pessoas podem fazer muito pela sua saúde pessoal levando a saúde oral a sério".
Fonte: Universidade de Illinois em Chicago / ScienceDaily
Autores: Vladimir Ilievski, Paulina K. Zuchowska, Stefan J. Green, Peter T. Toth, Michael E. Ragozzino, Khuong Le, Haider W. Aljewari, Neil M. O’Brien-Simpson, Eric C. Reynolds, Keiko Watanabe.
Artigo completo publicado na ScienceDaily: "Periodontal disease bacteria may kick-start Alzheimer's: Researchers study effects of oral bacteria on brain health in mice."