São inúmeros os exemplos da presença misteriosa da matemática na natureza ou da sua utilidade na vida prática.
Talvez um dos mais significativos desses figurinos é a sequência de Fibonacci, desenvolvida por Leonardo de Pisa no século XIII e deixada para a posteridade na sua obra Liber abaci. Inicialmente criada para a solução de um problema fictício de reprodução em coelhos, caracteriza-se pela série de números 0,1,1,2,3,5,8,... Isto é, uma sequência infinita em que cada número seguinte corresponde à soma dos dois anteriores.
Podendo, à primeira vista, parecer uma sequência meramente simples, a verdade é que os números de Fibonacci começaram a ser identificados em diversas propriedades da natureza.
Manifestações tão distintas quanto pétalas de crisântemos, algoritmos de computação, espirais de girassóis, desenho das pinhas ou criptografia para cartões de crédito. Acresce ainda que é a partir da razão dos números de Fibonacci que se obtém o número de ouro 1,618 e, em consequência, a designada Proporção Divina, detetada no Parthenon grego, nos feixes de tinta dos artistas do Renascimento ou mesmo nas guias de diagnóstico de Mondelli em Dentisteria Estética.
E na sequência da dentição, será que existe alguma relação? Embora nunca tenha sido relatada, observe-se com atenção a ordem dentária num quadrante: 0 + 1 Incisivo Central
= 1; 1 + 1 Incisivo Lateral = 2; 2 + 1 Canino = 3; 3 + 2 Pré-molares = 5; 5 + 3 Molares = 8. Tal como a sequência de Fibonacci, cada vez que se soma o valor total da relação anterior com a última parcela, não só uma delas representa a quantidade específica do tipo de dentes que se seguem como se vão obtendo sucessivamente os números mágicos da matemática.
Este exemplo é pequeno demais para se associar esta coincidência com algum tipo de produção divina no sorriso humano. Até porque, entre outros argumentos, noutras espécies de animais esta sequência pode nem sequer se encontrar presente e é clara a tendência de que o oitavo dente se venha a tornar numa estrutura vestigial com tendência para deixar de existir ao longo da evolução. Todavia, tal como referiu Albert Einstein, não deixa de ser impressionante e de fazer pensar como é que a matemática, um produto do pensamento humano e independentemde qualquer experiência, se adapta de uma forma tão perfeita aos diversos objetos da realidade.
Texto: Fernando Arrobas, MD fernando.arrobas@jornaldentistry.pt
Ilustração:Diogo Costa
dcosta_4@msn.com |