O JornalDentistry em 2017-10-03
Pesquisadores da Umeå University, na Suécia, fizeram uma descoberta inovadora ligando vários tipos da bactéria Streptococcus mutans e sua função adesiva a crianças com cárie e com aumento do risco de cárie dentária.
Os resultados, que podem levar a uma melhor maneira de identificar pacientes de alto risco e tratar as suas cárie, foram publicados na revista EBioMedicine.
Num estudo de cinco anos, em que a saliva de um grande número de crianças foi analisada e a saúde dentária monitorada, os pesquisadores estabeleceram que as crianças de alto risco possuem uma variante mais virulenta da bactéria da cárie, cuja função adesiva a torna mais agressiva e com maior capacidade de sobrevivência.
"A cárie é uma condição de estilo de vida, muitas vezes causada por hábitos alimentares e de higiene oral que levam a um pH ácido na boca. O nível de pH tem um efeito prejudicial no esmalte e promove o crescimento de bactérias produtoras de ácido, como Streptococcus mutans," declarações de Strömberg, professor e chefe do Departamento de Cariologia da Umeå University e Västerbotten County Council, e um dos autor do artigo.
Certas crianças de alto risco de desenvolver cáries, segundo os resultados dos estudos mostram é porque que carregam variantes virulentas particulares da bactéria S. mutans que podem causar cáries, independentemente do estilo de vida. As variantes possuem proteínas adesivas únicas (chamadas SpaP e Cnm) que melhoram a capacidade da bactéria para sobreviver à saliva antibacteriana da boca.
Uma criança em cada cinco na Suécia é um indivíduo de alto risco quando se trata do risco de desenvolver cáries dentárias. Essas crianças de alto risco não respondem à prevenção ou tratamento de cáries tradicionais, e variáveis de estilo de vida não podem prever o risco de cárie. A infeção crónica da cárie é fator de risco para doenças sistémicas, como as doenças cardiovasculares.
O artigo “Stotypes de adesividade Streptococcus mutans” que combinam e predizem o desenvolvimento de cáries individuais descreve como até metade das crianças de alto risco são condicionadas por tipos altamente virulentos de S. mutans. Essas variantes também podem representar um risco aumentado de doenças cardiovasculares e outras doenças sistémicas no futuro. As variantes altamente virulentas também diferem na sua função adesiva. Através de estudos bioquímicos, os pesquisadores encontraram uma ligação entre as proteínas adesivas SpaP e Cnm, e sua adesão à saliva e a DMBT1, uma proteína na saliva. Uma maior capacidade de ligação leva ao aumento do desenvolvimento da cárie ao longo do período de estudo de cinco anos.
Segundo Nicklas Strömberg, este novo conhecimento dos tipos de bactérias identificados e a forma como eles iniciaram o desenvolvimento da cárie podem ser usados para melhorar os cuidados dentários individualizados. A presença das bactérias pode ser utilizada como biomarcadores para a deteção precoce de pacientes de alto risco e constituem novos alvos para o tratamento.
Uma equipe de pesquisa liderada por Nicklas Strömberg e incluindo colegas dos Departamentos de Química, Bioquímica Médica e Biofísica, no presente estudo, seguiu 452 crianças em Västerbotten ao longo de cinco anos (12 e 17 anos). Após a análise de amostras de saliva e cepas bacterianas isoladas, as crianças foram divididas em vários grupos de risco com base no tipo genético da bactéria da cárie que levaram. Em um seguimento de cinco anos, os pesquisadores puderam ver como a cárie havia se desenvolvido nos vários grupos de risco.
A cárie é a doença crónica mais comum em todo o mundo. Os custos dentários, incluindo os relativos ao tratamento de cáries, representam 5% dos custos totais relacionados a cuidados de saúde em todo o mundo. A cárie também é a causa mais comum de falha de enchimentos dentários, coroas e pontes.
Fonte: ScienceDaily/Umeå University
Artigo original: "Highly virulent bacterium causes rampant caries in some children"
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