O JornalDentistry em 2019-7-09
Investigadores da Columbia University College of Dental Medicine verificaram como uma bactéria que se encontra comummente na boca acelera o crescimento do câncer de cólon. A investigação podem ajudar a prever cancros do cólon agressivo e identificar novos alvos de tratamento
Os pesquisadores determinaram como o F. nucleatum - uma bactéria oral comum, muitas vezes implicada na cárie dentária - acelera o crescimento do cancro de cólon. O estudo foi publicado online na revista EMBO Reports.
Porque é que isso é importante?
As descobertas podem facilitar a identificação e o tratamento de cancros de cólon mais agressivos. Também ajuda a explicar por que alguns casos avançam muito mais rapidamente do que outros, graças à mesma bactéria encontrada na placa dentária.
Plano de fundo
O cancro do cólon é a segunda causa principal de morte por cancro nos EUA. Os pesquisadores sabem há muito tempo que a doença é causada por mutações genéticas que normalmente se acumulam ao longo de uma década. "As mutações são apenas parte da história", diz o líder do estudo, Yiping W. Han, PhD, professor de ciências microbianas na Columbia University's College of Dental Medicine e na Vagelos College of Physicians & Surgeons. "Outros fatores, incluindo micróbios, também podem desempenhar um papel".
Os cientistas também demonstraram que um terço dos cancros colorretais estão associado a uma bactéria oral comum chamada F. nucleatum. Esses casos costumam ser os mais agressivos, mas ninguém sabia porquê. Num estudo anterior, a equipe de pesquisa de Han descobriu que a bactéria produz uma molécula chamada adesina FadA, desencadeando uma via de sinalização nas células do cólon que tem sido implicadas em vários tipos de cancro. Também descobriram que a adesina FadA estimula apenas o crescimento de células cancerosas, e não de células saudáveis. "Precisávamos descobrir por que o F. nucleatum parecia interagir apenas com as células cancerígenas", diz Han.
O que o estudo encontrou
No estudo atual, os pesquisadores descobriram em culturas de células in vitro, não cancerígenas do cólon, que não possui uma proteína chamada Anexina A1, que estimula o crescimento do cancro. Confirmaram então in vitro e depois em ratos que a deficiência da anexina A1 impedia que o F. nucleatum se ligasse às células cancerosas, retardando seu crescimento.
Os pesquisadores também descobriram que F. nucleatum aumenta a produção de Anexina A1, atraindo mais bactérias. "Identificamos um ciclo de feedback positivo que piora a progressão do cancro", diz. Han. "Propomos um modelo de dois hit, onde as mutações genéticas são o primeiro a ser atingido, e o F. nucleatum serve como segundo hit, acelerando a via de sinalização do cancro e acelerando o crescimento do tumor."
Implicações clínicas
Os pesquisadores analisaram um conjunto de dados de sequenciamento de RNA, disponível através do National Center for Biotechnology de 466 pacientes com cancro de cólon primário. Pacientes com aumento da expressão de Anexina A1 tiveram pior prognóstico, independentemente do grau e estágio do cancro, idade ou sexo.
Próximos passos
Os pesquisadores estão atualmente a procurar maneiras de desenvolver Annexin A1 como biomarcador para cancros mais agressivo e como um alvo potencial para o desenvolvimento de novos tratamentos para o cólon e outros tipos de cancro.
Fonte: Columbia University College of Dental Medicine / ScienceDaily
Artigo original ScienceDaily: "How a common oral bacteria makes colon cancer more deadly"