O JornalDentistry em 2022-9-26

ARTIGOS

Defeitos genéticos levam a malformações de esmalte

Mutações numa determinada molécula resultam em danos graves na estrutura e composição mineral do esmalte dentário em ratos, de acordo com um estudo realizado no UZH Center of Dental Medicine.

 Os investigadores combinaram técnicas genéticas, moleculares e de imagem.

O esmalte é o tecido orgânico mais difícil encontrado na natureza. Tem uma estrutura muito complexa, que é composta por minerais e proteínas específicas do esmalte produzidas por células exclusivas dos dentes chamadas ameloblastos. Por mais robusto que seja o esmalte dentário, no entanto, ainda é suscetível a danos: os defeitos do esmalte estão entre os problemas dentários mais comuns e resultam, entre outras coisas, nos dentes sensíveis à dor e num risco acrescido de cáries.

Foco na molécula de Adam10

Uma equipa de investigadores do Centro de Medicina Dentária da Universidade de Zurique identificou pela primeira vez uma rede genética chave que é responsável por graves defeitos do esmalte dentário.

Usando vários modelos de rato geneticamente modificados, os cientistas analisaram os efeitos da molécula adam10, que está intimamente ligada à via de sinalização Notch. Esta via de sinalização permite a comunicação entre as células adjacentes, é essencial para o desenvolvimento embrionário, e desempenha um papel crucial no desenvolvimento de patologias humanas severas, como o AVC e o cancro. Para estudar o papel da sinalização Adam10/Notch na formação e patologia do esmalte dentário em detalhe e analisar modificações celulares e estrutura de esmalte nos dentes após a mutação genética, os investigadores usaram ferramentas genéticas, moleculares e de imagem de última geração.

Defeitos na estrutura do esmalte e na composição mineral

Os cientistas conseguiram demonstrar que existe uma ligação estreita entre a função adam10/Notch deficiente e os defeitos do esmalte. "Os ratos que transportam mutações de Adam10 têm dentes com defeitos graves do esmalte", diz Thimios Mitsiadis, professor de biologia oral no Centro de Medicina Dentária e líder deste estudo. "A eliminação de Adam10 causa a desorganização dos ameloblastos, o que leva a graves defeitos na estrutura e composição mineral do esmalte."

A sinalização notch dependente de Adam10 está, portanto, não só envolvida em condições patológicas severas, mas também na organização e estrutura dos tecidos em desenvolvimento, como os dentes.

Novas vias de prevenção e terapia

De acordo com Mitsiadis, compreender o código genético que controla o desenvolvimento dos dentes, o conhecimento das ligações moleculares durante a formação do esmalte, e o impacto das mutações que conduzem a malformações de esmalte abrem novos horizontes no campo da prevenção e tratamento.

"Os requisitos para a reparação do esmalte e a formação de novo são extremamente complexos, mas novas ferramentas genéticas e farmacêuticas direcionadas para a formação de esmalte dentário com deficiência permitir-nos-ão melhorar consideravelmente os cuidados dentários no futuro."

A pesquisa foi publicada no iScience.

 

Fonte: MedicalXpress / University of Zurich

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