O JornalDentistry em 2017-5-08
A resistência aos antibióticos é uma ameaça crescente à saúde global. Um estudo encomendado pelo Primeiro-Ministro do Reino Unido em 2014 previu que, se o problema não for controlado, em menos de 35 anos morrerão mais pessoas por causa das superbactérias resistentes aos antibióticos do que de cancro.
É fundamental que os pesquisadores desenvolvam novos antibióticos baseados no conhecimento de como as superbactérias resistem a estes fármacos.
Pesquisadores da McGill University, Canada, publicaram um estudo na revista “Structure” mostra os detalhes de como as enzimas bacterianas específicas, conhecidas como Quinases, conferem resistência a antibióticos Macrólidos, uma classe amplamente utilizada de antibióticos e também uma medicação alternativa para pacientes com alergias à penicilina.
O estudo mostra pela primeira vez como essas Quinases reconhecem e destruem quimicamente os antibióticos Macrólidos.
Embora os investigadores já soubessem da existência das Quinases , descobrir exatamente como funcionam a nível químico e estrutural não foi um processo fácil.
O Dr. Albert Berghuis, presidente do Departamento de Bioquímica da Faculdade de Medicina da Universidade McGill e autor sénior do estudo explicou que em 2009 começaram a fazer a clonagem e tentar produzir grandes quantidades dessas enzimas para o estudos. Depois de mais de um ano a ajustar o processo para reunir material suficiente, o próximo passo foi tentar fazer cristais de “Quinase", semelhantes a cristais de açúcar. Foram então irradiados com raios-X na Canadian Light Source em Saskatoon.
Demorou mais três anos para gerar esses cristais e analisar os dados de Saskatchewan, e finalmente forneceu uma visão atômica das Quinases e de como se ligam a diferentes antibióticos Macrólidos. No entanto, essa imagem de nível atômico era análoga à imagem de uma máquina complexa que incorpora tecnologia desconhecida, a imagem não explicava como essa máquina realmente funciona. Como resultado, foram necessários mais quase três anos para descobrir como as diferentes elementos da Quinase conferem resistência a diferentes antibióticos Macrólidos.
— Aproveitamento deste novo conhecimento no futuro projeto de criação de antibióticos:
Os pesquisadores descobriram que as enzimas Quinase têm uma capacidade impressionante de conferir resistência a diferentes antibióticos Macrólidos - as duas espírpes de enzimas que foram estudadas em detalhe são essencialmente capazes de conferir resistência a todos os antibióticos Macrólidos atualmente em uso.
Segundo o Dr. Berghuis, sabe-se agora exatamente como as superbactérias conferem resistência aos Macrólidos usando estas Quinases. Isso permite fazer pequenas alterações a esses antibióticos de tal forma que as Quinases não possam interagir com eles, o que tornará a próxima geração de antibióticos menos suscetíveis à resistência por superbactérias
As próximas etapas serão para desenvolver esses novos e melhorados antibióticos Macrólidos que o Dr. Berghuis estima levar mais dois a três anos e em seguida, testá-los. Mas isto é apenas um elemento necessário para combater a crescente prevalência de superbactérias.
A resistência aos antibióticos é um problema multifacetado, e este estudo é um dos aspecto que deve ser colocado no contexto de outros componentes, como reduzir o uso excessivo de antibióticos.
Somente quando uma estratégia abrangente e multifacetada for aplicada poderemos lidar com sucesso com esta ameaça à saúde global, observa o Dr. Berghuis.
Esta pesquisa foi financiada pelos Canadian Institutes of Health Research (CIHR) com a assistência do Canadian Macromolecular Crystallography Facility na Canadian Light Source em Saskatoon.
Fontes: MCGILL UNIVERSITY / EurekAlert!
O artigo original: "Structural Basis for Kinase-mediated Macrolide Antibiotic Resistance" foi publicado na revista Structure, Maio de 2017