O JornalDentistry em 2019-1-08
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia fizeram uma descoberta sobre o vírus do papiloma humano (VPH) que pode conduzir a novos tratamentos para o cancro do colo do útero e outros tipos de cancros causados pelo vírus.
O VPH é responsável por quase todos os casos de cancro do colo do útero e 95% dos cancros anais. É a doença sexualmente transmissível mais comum, infetando mais de 79 milhões de americanos. A maioria não tem ideia de como foram infetados ou que podem estar a disseminar o vírus.
O vírus papiloma humano causa muitos tipos de cancros. Literalmente milhares e milhares de pessoas contraem o cancro do colo do útero e morrem em todo o mundo.
De a acordo com Anindya Dutta, PhD, pesquisador do Centro de Cancro da UVA, o cancro oral e cancro anal também são causadas pelo vírus de papiloma humano, Actualmente há uma vacina para o VPH,e esperamos que as incidências diminuam. Mas essa vacina não está disponível em todo o mundo e nem todos os países a estão a aplicar. A vacina é cara e por essa razão acho que os cancros com origem no vírus do papiloma humano estão para ficar, não vão desaparecer. Sendo assim precisamos de novas terapias.
O VPH e o Cancro
O VPH tem-se mostrado um inimigo teimoso para os cientistas, embora os pesquisadores tenham uma sólida compreensão de como provoca o cancro: através da produção de proteínas que "desligam" os sistemas que dão capacidade às células saudáveis para prevenir tumores naturais. Bloquear uma dessas proteínas, chamada oncoproteína E6, parecia uma solução óbvia, mas durante décadas de tentativas não se obteve qualquer sucesso.
Dutta e seus colegas, no entanto, encontraram um novo caminho a seguir: Verificaram que o vírus tem a ajuda de uma proteína presente nas nossas células, uma enzima chamada USP46, que se torna essencial para a formação e crescimento de tumores induzidos pelo VPH. E a enzima USP46 promete ser muito suscetível a drogas. Dutta chama isso de "eminentemente dribláveis”.
"É uma enzima, e porque é uma enzima, tem uma pequena bolsa essencial para as suas atividade , as empresas farmacêuticas podem produzir produtos químicos que vão atolando essa bolsa fazendo que as enzimas como a USP46 fiquem inativas”, explicou Dutta, presidente da Departamento de Bioquímica e Genética Molecular da UVA. “Estamos muito entusiasmados com essa possibilidade de que, ao desativar o USP46, teremos uma maneira de tratar os cancro causados pelo VPH”.
Curiosamente, o VPH usa o USP46 para uma atividade que é oposta ao que a oncoproteína E6 é conhecida por fazer. A E6 tem sido conhecida há mais de duas décadas por recrutar outras enzimas celulares com objetivo de degradar o supressor tumoral da célula. A nova descoberta de Dutta mostra que a E6 pode usar a USP46 para estabilizar outras proteínas celulares para impedir que possam ser degradadas. Ambas as atividades do E6 são críticas para o crescimento do cancro
Os investigadores relatam que a enzima USP46 é específica para as estirpes de VPH que causam cancro. Não é usada pelas outras estirpes do VPH que não causam cancro
Notas:
(1) Os pesquisadores publicaram o estudo na revista científica Molecular Cell. A equipe incluiu Shashi Kiran, Ashraf Dar, Samarendra K. Singh, Kyung Yong Lee e Dutta. Todos do Departamento de Bioquímica e Genética Molecular da UVA.
(2) O trabalho foi apoiado pelo National Institutes of Health, concessão R01 GM084465.
Fonte: Oral Cancer Foundation/ www.eurekalert.org/
Autor: University of Virginia Health Syste
Artigo OCF: “HPV discovery raises hope for new cervical cancer treatments”