O JornalDentistry em 2017-1-30
A tomada de consciência da influência da personalidade e da história de vida nas decisões que tomamos, quando, por exemplo, recrutamos alguém para a nossa equipa ou procuramos um parceiro de negócio, gera crescimento pessoal e contribui para um padrão de liderança mais eficaz.
Ilustração: Stock.com/enisaksoy
No lançamento de uma nova empresa, ao pretendermos criar um ambiente de trabalho em equipa, as ideias sobre a confiança que podemos ter nas pessoas que nos rodeiam, por exemplo, acabam sempre por interferir no tipo de controlo e de reporte que queremos implementar.
Quem está a liderar um negócio é hoje confrontado com situações em que a gestão de pessoas deve ser feita com a noção de que, para além de analisar a equipa de trabalho, deve também analisar-se a si próprio. Este exercício de autoconhecimento nem sempre se revela atrativo, pois exige uma perseverança e determinação pouco consentâneas com a gestão de tempo a que estamos compelidos e com a pressão de obter resultados.
Liderar implica, assim, o saber lidar com situações complexas, que exigem um investimento por parte do líder nas temáticas relacionadas com a comunicação, motivação e liderança, considerando o seu processo de desenvolvimento pessoal e a sua história de vida, as suas crenças, os seus valores, as suas aspirações e os seus princípios.
A boa notícia é que um elevado número de empreendedores já encara com naturalidade a necessidade de se prepararem devidamente para o exercício da liderança. O desafio da tomada de consciência de si próprio, das suas preferências e o seu propósito de vida como variáveis determinantes no exercício da liderança é algo que tem escapado nos modelos de liderança de tipo mais prescritivo, e que constitui uma parte da essência da liderança integral.
Começa a perceber-se agora que, para evidenciar comportamentos de liderança adequados, estes têm de estar ancorados numa sólida estrutura de personalidade, e que essa solidez, para existir, tem de ser devidamente alimentada, cultivada e mesmo acarinhada ou questionada, em determinadas situações. Ser sensível a isto e treinar as dimensões cognitiva, emocional, sensorial, “inspiracional” e comunitária, procurando utilizar todo o potencial e energia, pode fazer toda a diferença no seu estilo de liderança, no modo como lida com os problemas e como sente as oportunidades no seu negócio.
Esta vertente, designada por “inside out”, assenta num processo individual e único de descoberta de si próprio e da sua relação com o mundo que o rodeia, conduzindo os empreendedores a uma abordagem mais “integral” no seu papel de líderes. O conceito de liderança integral está associado a um dos maiores especialistas em psicologia integral, Ken Wilber, destacando-se das suas obras o livro “A Theory of Everything”. A liderança integral assenta numa perspetiva holística, inclusiva e equilibrada do mundo por parte do líder, representada num mapa com quatro quadrantes: intencional, comportamental, cultural e social.
A procura da maturidade psicológica associada às capacidades intelectuais e sensoriais, em diferentes domínios da vida do empreendedor – profissional, pessoal, lazer, comunitário –, aportam- -lhe uma riqueza mais integradora de si próprio, das equipas, da organização, dos negócios e do mundo. “First connect yourself, then lead” passa a ser um lema orientador do dia a dia. O autoconhecimento e a vontade de abrir para novas perspetivas sobre si próprio e sobre o mundo potenciam uma maior capacidade de inspirar os outros a agir, de desenvolver equipas inovadoras, produtivas e mais felizes, e de contribuir para uma maior sustentabilidade psicológica, económica e social.
Margarida Pedrosa,
Diretora-geral MBA Consultores, Docente da Porto Business School
Fonte: IT Insight
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