O JornalDentistry em 2021-4-24
O estudo abre caminho para a terapia direcionada da periodontite, esperando os investigadores que venha a tornar o uso de antibióticos obsoleto com efeitos colaterais mínimos
Este estudo foi desenvolvido numa parceria entre a Martin Luther University Halle-Wittenberg (MLU), o Instituto Fraunhofer para Terapia Celular e Imunologia IZI em Leipzig e o PerioTrap Pharmaceuticals em Halle.
Até o momento, o tratamento da periodontite é feito normalmente com antibióticos de amplo espectro que combatem todas as bactérias da cavidade oral. Segundo o Dr. Mirko Buchholz da PerioTrap Pharmaceuticals, o tratamento tem um efeito colateral que é a destrição de todas as bactérias inofensivas ou benéficas da cavidade oral, e também o risco da bactéria poder desenvolver resistência aos antibióticos.
Para encontrar um método de eliminação apenas das bactérias nocivas, a equipe de pesquisa desenvolveu uma substância teste que combate a glutaminil ciclase, uma enzima específica da bactéria que desempenha um papel importante no metabolismo. A ideia subjacente era que a inativação da enzima danificaria as bactérias e evitaria o desenvolvimento da periodontite.
A substância desenvolvida foi testada quanto à eficácia em diferentes clínicas e universidades na Suíça, Polônia e Estados Unidos e foi encontrada para suprimir com sucesso o crescimento de bactérias patogénicas.
O Prof. Milton T. Stubbs, o outro autor principal do estudo e biotecnologista da MLU, explicou as diferentes variantes da enzima pesquisada:o alvo foi a glutaminil ciclase, com duas variantes diferentes. Normalmente, as plantas e bactérias têm uma variante da enzima e os mamíferos, outra. As duas variantes funcionam de maneira semelhante, mas diferem significativamente na sua estrutura
Para surpresa dos pesquisadores, a bactéria que causa a periodontite possui a variante mamífera da enzima. Isso é crucial para a abordagem do estudo porque oferece um possível alvo para que apenas se matem s as bactérias patogénicas deixado as inofensivas intactas. De acordo com Stubbs, a equipe de pesquisa encontrou diferenças pequenas, mas significativas, entre as enzimas bacterianas e a variante humana. Essas diferenças são provavelmente suficientes para que a nova substância não afete as enzimas humanas, razão pela qual são esperados efeitos colaterais menores.
Os pesquisadores concluíram que os resultados do estudo demonstram que a glutaminil ciclase é um alvo promissor para o desenvolvimento de medicamentos a serem usados no tratamento da periodontite e doenças associadas. Mais estudos in vitro e in vivo são necessários podendo levar alguns anos até que a pesquisa resulte num medicamento comercializável.
O estudo, intitulado “Mammalian-like type II glutaminyl cyclases in Porphyromonas gingivalis and other oral pathogenic bacteria as targets for treatment of periodontitis”, foi publicado online janeiro de 2021 no Journal of Biological Chemistry.
Fonte: Jornal of Biological Chemistry (JBC)