O JornalDentistry em 2016-10-07
Investigadores da Stanford Chem-H descobriram uma nova forma de imunoterapia do cancro, funciona através da remoção de certos açúcares da superfície de células cancerígenas, tornando essas células visíveis para o sistema imunológico.
Glicocálix
Os cientistas sabem há muito tempo que, se determinados açúcares estão presentes nos tumores, sendo por isso menos provável que respondem bem às terapias. Mas ninguém sabia o que halo de açúcares provocava, em parte porque apenas um reduzido número de laboratórios e pessoas estudava o glicocálix.(1)
Alguns desses laboratórios que estudavam o glicocálix, já tinham encontrado evidência de que um subconjunto de açúcares chamados ácidos siálicos atuavam como um sinal para que o sistema imune inato ignorasse as formas de aparência suspeita de tumores. Eliminar os açúcares, e algumas células imunitárias inatas tornaria o sistema propenso a reconhecer e atacar as células cancerígenas.
Essencialmente foi o que aconteceu.
As imunoterapias correntes trabalham provocando o bloqueio dos sinais inibidores que são reconhecidos pelo sistema imunitário adaptativo. Ao bloquear, o equilíbrio altera-se e o sistema imunitário atacar o cancro que se tornou reconhecível.
A abordagem de Bertozzi, uma invetigadora que se dedica a este tema, fornece uma segunda forma de alterar a balança a favor do ataque, desta vez pelo o sistema imune inato. Conclui que este estudo mostra apenas um exemplo, mas a remoção de açúcar poderá ser usada numa ampla variedade de tipos de células, e não apenas aquelas que expressam HER2, e também com diferentes tipos de açúcares.
Significado:
Os tumores são capazes de iludir o sistema imunitário, que de outra forma matariam as células transformadas (neoplasias). Terapias que impeçam essa evasão tornam-se tratamentos revolucionários para cancros incuráveis. Um dos mecanismo de evasão são os açúcares, denominados ácidos siálicos, que se encontram no revestimento dos açucares das células, ou glicocálix. Baseado nestes principios foram concebidas moléculas bio-terapêuticas, designadas por "conjugados de enzima/anticorpo”, que removem selectivamente os ácidos siálicos nas células tumorais. Em seguida os anticorpo dirigem as enzimas para as células cancerígenas, a enzima cliva os açúcares, e em seguida, o anticorpo dirige células imunes para matar as células cancerígenas já sem ácido siálico. Segundo Bertozzi a edição do glicocálix celular do cancro com um “conjugado anticorpo/enzima” representa uma abordagem promissora para a terapia imunitária do cancro.
Fontes:
— Oral Cancer Foundation
— Universidade de Stanford, Proceedings of the National Academy of Sciences
(PNAS)
Artigo completo: oralcancernews.org/wp/category/oral_cancer_news/page/2/
Nota da Redação: O Glicocálix é uma matriz extracelular, uma camada externa à membrana, formada por glicolipídios, esfingolipídios, glicoproteínas e proteoglicanos. Protege a célula contra agressões físicas e químicas, retém nutrientes e enzimas e participa do reconhecimento celular e reconhecimento intercelular, uma vez que diferentes células possuem diferentes glicocálix e diferentes glicídios.