O JornalDentistry em 2016-10-11
A resistência aos antibióticos afecta todos os países. Os doentes com infeções causadas por bactérias resistentes ao medicamentos tem maior risco de piores resultados clínicos e até de morrerem.
A Klebsiella pneumoniae (uma bactéria intestinal comum que pode causar infeções fatais) resistente ao tratamento usado como um último recurso (antibiótico Carbapenem) espalhou-se por todas as regiões do mundo.
A Klebsiella pneumoniae é uma das principais causas de infecções hospitalares, causando pneumonias, septicemias ou infecções de recém-nascidos e pacientes internados em UCI.
Devido à resistência em alguns países o antibiótico Carbapenem já não é eficaz em mais de metade dos pacientes com infecções por Klebsiella pneumoniae.
Na Escherichia coli é generalizada a resistência a uma classe de medicamentos vulgarmente usados para tratar infeções do trato urinário as Fluoroquinolonas. Há países onde este tratamento é ineficaz em mais da metade dos pacientes.
Pelo menos 10 países (Austrália, Áustria, Canadá, Eslovénia, França, Japão, Noruega, África do Sul, Suécia e Reino Unido) confirmaram casos de falha no tratamento da gonorreia com o último recurso contra esta doença a Cefalosporinas de terceira geração.
Para lidar com a emergência da resistência no tratamento da gonorréia, a OMS recentemente atualizou as orientações sobre o tratamento. As novas diretrizes não recomendam o uso de Quinolonas (antibióticos), devido à generalização da resistência a este fármaco.
A resistência aos medicamentos de primeira linha para o tratamento de infecções por Staphlylococcus aureus (causa comum de infecções graves em ambientes de cuidados de saúde) é generalizada. Estima-se que os pacientes com infeções por Staphlylococcus aureus resistentes tem uma possibilidade de morrer 64% mais elevada do que os pacientes com infeções não resistentes.
A Colistina é o último recurso para o tratamento de infeções potencialmente fatais por Enterobacteriaceas resistentes aos antibióticos Carbapenem. Foi recentemente, detectada resistência à Colistina em vários países e regiões, o que faz com que as infeções causadas por estas bactérias não sejam tratáveis.
—Tuberculose
De acordo com estimativas da OMS, em 2014, houve cerca de 480.000 novos casos de tuberculose multirresistente (MDR-TB) que é resistente aos dois mais potente anti-TB, e só foram detectadas e reportados cerca de 25% dos casos (123.000). Na MDR-TB os tratamentos são menos eficazes e requer muito mais tempo em comparação com a tuberculose não resistente. Em 2014, apenas metade dos casos mundiais de MDR-TB foram tratados com sucesso.
Estima-se que em 2014, 3,3% dos casos de tuberculose foram resistentes a múltiplas drogas. O número sobe para 20% nos casos tratados anteriormente.
Em 105 países, identificou-se a existência de tuberculose resistente a pelo menos quatro das principais drogas anti-TB. Estima-se que 9,7 % dos casos de MDR-TB são ultra-resistente .
— Malária
Em julho de 2016, confirmou-se a resistência ao tratamento de primeira linha para a malária Plasmodium falciparum (Combinação de tratamentos à base de Artemisinina - TCA) em cinco países da sub-região do Grande Mekong (Camboja, Mianmar, República Democrática Popular do Laos, Tailândia e Vietname). A maioria dos pacientes locais com infeções resistentes à Artemisinina recupera totalmente quando recebem um TCA contendo uma outra droga eficaz. No entanto, na fronteira entre Camboja e Tailândia, o Plasmodium falciparum tornou-se resistente a quase todos os anti-maláricos, o que complica muito o tratamento e exige um acompanhamento atento. Existe um risco real de que a multi-resistência apareça em breve em outras partes da sub-região. A propagação de estirpes resistentes no resto do mundo poderá representar um grande desafio para a saúde pública e comprometer os progressos recentes no controle da malária.
Os cinco países e a China aprovaram a estratégia da OMS para a eliminação da malária na região do Grande Mekong.
— VIH
Estima-se que em 2010, 7% das pessoas que começaram a terapia anti-retroviral (TAV) nos países em desenvolvimento tinham HIV resistente aos medicamentos. Nos países desenvolvidos, o valor era de 10 a 20%. de taxa de resistência. Recentemente, alguns países têm relatado valores de resistência superiores a 15% em pacientes que começam o tratamento ao VIH, e até 40% naqueles que reiniciaram o tratamento.
É urgente prestar a máxima atenção a este problema. O aumento da resistência tem repercussões económicas importantes, uma vez que medicamentos de segunda e terceira linhas são, respectivamente, 3 e 18 vezes mais caro do que o de primeira linha.
Desde setembro de 2015, a OMS recomenda que todos os pacientes com VIH sejam tratados com anti-retrovirais. Prevê-se contudo que o aumento do uso destas drogas faça crescer a resistência em todas as regiões do mundo. Para manter a eficácia por longo prazo da primeira linha de TAV é essencial continuar a monitorar a resistência e minimizar o seu aparecimento e propagação. Em consulta com os países, parceiros e outras partes interessadas, a OMS está a desenvolver um novo Plano de Ação Global à resistência do VIH (2017-2021).
— Gripe
Antivirais são importantes para o tratamento de uma epidemia ou pandemia de gripe.
Hoje, praticamente todos os vírus Influenza A que circulam em seres humanos são resistentes aos inibidores M2 (Amantadina e Rimantadina). Em vez disso, a taxa de resistência ao Oseltamivir um inibidor da neuraminidase, continua a ser baixa (1-2%). Sensibilidade aos antivirais é constantemente monitorado pela Vigilância Global da OMS e Resposta a Influenza.
Necessidade de uma acção coordenada
A Resistência Anti-Microbiana (RAM) é um problema complexo que afeta toda a sociedade e depende de muitos fatores inter-relacionados, as intervenções Isoladas têm pouco impacto. Para minimizar a ocorrência e propagação da RAM são necessárias ações coordenadas.
Todos os países devem ter planos de acção nacionais contra a RAM.
É necessário mais investimentos e inovação em pesquisa e desenvolvimento de novos antibióticos, vacinas e testes de diagnóstico .
A resposta da OMS
OMS oferece assistência técnica para desenvolver planos de ação nacionais e fortalecer seus sistemas e vigilância de saúde, para que os países possam gerir os problemas causados pela RAM. Estão também a trabalhar com parceiros para fortalecer e formular novas respostas a esta ameaça global.
OMS está a trabalhar de perto com a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) e Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) com a abordagem "One Health" para promover as melhores práticas para evitar o surgimento e a propagação da RAM, em especial, na optimização da utilização de antibióticos em humanos e animais.
Na 68ª Assembleia Mundial da Saúde, os Estados-Membros adoptaram um plano de ação global sobre a RAM, que foi aprovado pelos órgãos directivos da FAO e OIE em maio e junho de 2015. O objectivo do plano de acção mundial é garantir o maior sucesso possível na prevenção e tratamento de doenças infeciosas com medicamentos eficazes, seguros com garantia de qualidade, utilizados de forma responsável e acessíveis a todos que deles necessitem.
Em setembro de 2016, a Assembléia Geral das Nações Unidas realizour uma reunião de alto nível sobre a RAM, a fim de acelerar os compromissos mundiais e reforçar os esforços nacionais multissectoriais de combate à RAM.
Fonte: Organização Mundial de Saúde (OMS)
Mais informação sobre resistência ao antimicrobianos: Serviço Nacional de Saúde - Portugal