O JornalDentistry em 2022-7-21

CONVIDADOS

Convidado do mês: Paulo Miller, presidente da SPE

A Endodontia é uma das áreas da Medicina Dentária que maior evolução tem conhecido ao longo dos últimos anos - Paulo Miller, presidente da Sociedade Portuguesa de Endodontologia.

Paulo Miller, presidente da Sociedade Portuguesa de Endodontologia.

Omelhor conhecimento da fisiologia e da patologia, pulpar e periapical, associado a uma melhor capacidade de diagnós- tico permitiu que a Endodontia tenha ultrapassado completamente a “idade das trevas”. Foi um período onde os trata- mentos endodônticos eram, em grande parte, baseados em químicos, mais ou menos agressivos e mais ou menos eficazes, 

onde a previsibilidade era praticamente inexistente e onde um dente “desvitalizado” era uma potencial fonte de problemas quer para o paciente, quer para o clínico. 

Atualmente, a Endodontia é uma das grandes especialidades da Medicina Dentária, onde a previsibilidade dos tratamentos supera os 90%. 

Um dos grandes desafios da Sociedade Portuguesa de Endodontologia (SPE) é conseguir transmitir, não só aos colegas menos atentos a esta área, mas também a todos pacientes, que a preservação da peça dentária na arcada, desde que viável, é a melhor solução. 

Cabe, também, à SPE promover o saber e os mais recentes avanços em endodontia, tendo, para isso, promovido no ano passado seis webinars, com palestrantes nacionais e internacionais de referência. 

Este ano, estava prevista a realização, no passado mês de maio, em Lisboa, do 21o Congresso da WCDT, resultante de uma parceria da IADT, ESE e SPE que, infelizmente, teve de ser cancelado. 

Mas teremos, nos próximos dias 22, 23 e 24 de setembro, o 3.o Congresso da Sociedade Portuguesa de Endodontologia que terá lugar no ISCTE-IUL, em Lisboa. (https://www.spendo.pt/eventos/inscricoes/39) 

Este será o grande momento da Endodontia portuguesa em 2022! 

Sob a égide do presidente do Congresso, o colega Sérgio André Quaresma, a comissão organizadora do 3.o congresso da SPE está a preparar um encontro presencial que será memorável, tanto pela qualidade das palestras, dos workshops e dos trabalhos científicos, como, também, pela dedicação colocada na preparação de toda a vertente social e lúdica. 

Mas o 3.o congresso permitirá a materialização de um dos objetivos desta direção da SPE; trata-se da aproximação a outras sociedades congéneres e também às faculdades. Assim, na tarde de dia 22, irá decorrer o Fórum Ibérico, onde estarão repre- sentadas algumas universidades Portuguesas e Espanholas que, pelos seus alunos de pós-graduações e doutoramentos na área de endodontia, irão partilhar campos de investigação e casos clínicos por si realizados. 

Esta parceria com os colegas espanhóis e especificamente com a Asociación Española de Endodoncia (AEDE) que, informal- mente, já vinha a ser praticada, foi, no passado dia 13 de junho, formalmente assumida através realização de um protocolo de colaboração entre a SPE e a AEDE, assinado pelos seus presidentes, eu e o Professor Leopoldo Forner Navarro. 

A evolução da endodontia também tem ocorrido em países emergentes, que, habitualmente, estão mais afastados do nosso mundo ocidental, pretendendo a SPE o alargamento das parcerias internacionais com sociedades desses países. Neste momento, estamos em via de estabelecer acordos com alguns desses países como Marrocos, Egipto e Turquia, entre outros. 

Sendo fundamental a partilha de conhecimento e a adequada formação, temos de ter permanentemente em mente, a obrigação que a SPE tem de defender a realização de tratamentos endodônticos de qualidade. 

Assim, para além da adequada formação e do conhecimento científico atualizado, é necessária a utilização de materiais e equipamentos apropriados, sendo, também, fundamental que o profissional possa dispor do tempo suficiente para a correta execução dos procedimentos necessários. É, pois, evidente que a valorização do ato endodôntico é primordial para atingir esse desiderato. 

É fundamental que os subsistemas de saúde e as entidades que comparticipam os pagamentos, nomeadamente as segu- radoras, se capacitem que a endodontia tem de ser adequadamente valorizada, refiro-me, concretamente, aos valores pra- ticados que são, generalizadamente, indignos, não permitindo a realização de um tratamento endodôntico adequado, sendo que tal prática, apesar de parecer vantajosa no imediato, acarreta custos futuros muito mais elevados. 

Relembro que tratamentos sem custos ou a valores irrisórios representam, para os médicos dentistas, uma escravatura dos tempos modernos. 

Aguardamos com expectativa a rápida implementação da Especialidade de Endodontia, por parte da Ordem dos Médicos Dentistas, que será decisiva para alcançar o previamente exposto. 

Estou certo de que a Sociedade Portuguesa de Endodontologia continuará a contribuir, em parceria com entidades nacio- nais e internacionais, para a formação e para a afirmação da qualidade e importância da Endodontia.n 

Juntem-se a nós em: https://www.spendo.pt/inscricoes

Juntos somos mais fortes! 

Paulo Miller 

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