O JornalDentistry em 2019-10-15

CONVIDADOS

Uma semana na vida de um Médico Dentista que se dedica à Dor Orofacial, Disfunção temporomandibular e Sono!!!

Para este editorial achei que devia falar sobre a minha vida profissional, e nada melhor para falar sobre os temas atuais da medicina dentária do que falar-vos sobre a minha semana

André Mariz de Almeida

Para este editorial achei que devia falar sobre a minha vida profissional, e nada melhor para falar sobre os temas atuais da medicina dentária do que falar-vos sobre a minha semana.

Neste momento atingi profissionalmente uma situação incrivelmente desafiante, mas de grande satisfação que me permite ter uma atuação em múltiplas áreas da saúde. Além da minha intensa atividade clínica, tenho, durante a minha semana

vários outros papéis.

Sou professor de Reabilitação Oral na vertente oclusão e Dor Orofacial e ATM aos alunos de 3º e 4º ano no Instituto Universitário Egas Moniz. Esta é sem dúvida uma das minhas paixões, é aqui, igualmente, onde faço grande parte da investigação nesta área, e, principalmente, em bruxismo.

A área do bruxismo é das áreas da medicina dentária que está em franca ebulição, desenham-se novas definições, passámos a considerar o bruxismo como uma atividade muscular repetitiva e não como um hábito parafuncional, sendo que este pode ser prejudicial ou protetor, dependendo do efeito que exerce no organismo.

Neste momento é claro que quando falamos de bruxismo não significa obrigatoriamente falarmos de contacto dentário, significa que quando o diagnosticamos devemos fazê-lo de forma contínua e no meio ambiente do individuo, falando sempre de dois ritmos circadianos completamente diferentes com definições distintas, ou seja de bruxismo de vigília ou bruxismo do sono. Outra das áreas que ocupa grande parte da minha semana é a Unidade de Sono da CUF Infante Santo.

Foi um desafio recente que aceitei sendo que as patologias do sono e a relação destas com a medicina dentária é um tema apaixonante, a entrada da medicina dentária nas unidades de sono é uma situação já mais que estabelecida, no ultimo congresso do sono em Vancouver, a medicina dentária esteve de longe em destaque com vários trabalhos e palestras sobre o papel da medicina dentária no sono, nomeadamente sobre os dispositivos de avanço mandibular.

O sono só pode ser trabalhado quando estamos inseridos numa equipa verdadeiramente multidisciplinar, mas sobre isto iremos falar na próxima edição          d’O JornalDentistry.

Outra das áreas a que dedico algum tempo durante a minha semana é ao trabalho que faço enquanto parte dos orgãos sociais e da comissão científica da Sociedade Portuguesa de Dor Orofacial e Disfunção Temporomandibular.                                             São várias as tarefas realizadas entre as quais a organização de eventos de formação continua em áreas temáticas, tendo sempre como base a multidisciplinariedade. Neste momento estamos a organizar o próximo evento, um workshop sobre  cefaleias, podem (consultar sempre todos os eventos em www.spdof.pt) .

A classificação internacional de cefaleias (ICHD-3) versão beta publicada em 2013 veio agrupar vários tipos de cefaleias e nevralgias de etiologia e orientação muito diferentes. O diagnóstico diferencial da dor facial orbita habitualmente entre três grandes grupos : as cefaleias trigémino-autonómicas (CTAs), as neuropatias cranianas dolorosas e outras dores faciais, e a cefaleia ou dor facial atribuída a perturbação do crânio, pescoço, ouvidos, nariz, seios peri-nasais, dentes, boca, ou outras estruturas cranianas ou faciais, neste último grupo incluímos a dor secundária a disfunção de ATM.

Por vezes os doentes podem confundir uma entidade perfeitamente diagnosticada como cefaleia tensional com uma cefaleia atribuída a DTM ou ,neste caso, atribuída a “ pontos gatilho “ ou bandas tensas, nos músculos mastigadores e/ ou acessórios, como o masséter, temporal e esternocleidomastóideo, que vão irradiar dor para a zona temporal ou frontal, e confundir-se com outro tipo de cefaleia.

Outro ponto cada vez mais importante da minha semana prende-se com o tempo que dedico à parte de responsabilidade social, esta é uma das minhas funções no Instituto Universitário Egas Moniz (UEM), ser o responsável da Responsabilidade Social da Medicina Dentária e este papel é um dos que tento não descurar.

Acredito piamente que a responsabilidade social pode e deve ser feita por todos, não é complexo e basta estarmos alerta para encontrarmos algo que nos faça sentido para ajudar.

Dedico-me individualmente a alguns projetos fora do país, e que poderão seguir no meu instagram @thehappydentistblog, nomeadamente em África a apoiar algumas Organizações não Governamentais ONG’s, ao nível da saúde oral. 

No Instituto Universitário Egas Moniz temos a clara noção que estamos inseridos num ambiente social de grande privação de saúde e de iliteracia em saúde oral e geral e como tal um dos nossos projetos do momento é trabalhar com associações vizinhas ao IUEM nesse propósito. Um dos objetivos pessoais a médio prazo na área da responsabilidade social é precisamente alargar a área de abrangência de alguns dos projetos já existentes.

É com esta intensidade e paixão que vivo a minha semana, a paixão que me faz ser investigador, professor e clínico. Esta é a paixão que move certamente todos os médicos dentistas que se apaixonam por todos os casos que lhes passam pelas mãos.

Enquanto médicos dentistas somos um pouco de tudo, lidamos com dor, com estética, com desejos e com medos. Estas são as nossas semanas e esta é a nossa apaixonante vida.

 

André Mariz de Almeida — DDS, Msc, Assistente Reabilitação Oral e Dor Orofacial e ATM ISCSEM; Prática Clinica Dor Orofacial; Disfunção Temporomandibular e Medicina; Dentária do Sono; Co-Fundador  Sociedade Portuguesade Disfunção; Temporomandibular e Dor Orofacial

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