O JornalDentistry em 2021-7-01
É indiscutível a prioridade que algumas clínicas dão ao investimento em tecnologia. Não se pode dizer que esta preocupação seja um erro. Mas pode passar a sê-lo se considerarmos que este investimento por si só poderá corrigir gaps existentes em várias áreas que compõem a engrenagem do funcionamento.
Isto torna-se ainda mais evidente ao verificarmos que não existe uma reciprocidade dos investimentos entre os vários membros da equipa, o que deveria ser natural e frequente, procurando aumentar e diversificar a sua capacidade. Em causa estão os profissionais empenhados, aptos a se desenvolverem e dispostos a praticarem os valores e a cultura da clínica.
Mas ao tratar-se de pessoas com desempenhos fracos, sem o mínimo compromisso, medianos na forma de coordenar as ações desejadas, não estaremos estabelecendo qualquer equilíbrio. Na verdade, nada muda, com ou sem tecnologia. Talvez até as formações sejam em si uma perda de energia.
É errónea, igualmente, a ideia de que a tecnologia, mesmo a mais sofisticada, precisa e rápida, consegue por si só suprir o atendimento e o acolhimento proporcionado por seres humanos.
No entanto, se associarmos tecnologia de ponta a pessoas capazes, articuladas e envolventes, iremos superar as expectativas mais apuradas de quem nos procura.
Os desejos e dores de quem vai até uma clínica devem ser encarados de acordo com uma estrutura apoiada nestes pilares: humanização e tecnologia.
Não que a parte humana com conhecimento profundo dos processos, não nos permita cumprir com louvor as atribuições exigidas. Sem dúvida que isso também é possível.
Mas a tecnologia sozinha não tem o mesmo efeito. Não se obtêm resultados ao menosprezar o fator humano.
A clínica pode ter um fluxo totalmente analógico, não é imperioso que seja digital, desde que se dominem bem as técnicas e, consequentemente, os resultados.
A clínica pode ter um fluxo totalmente digital, sendo também essencial o domínio dos equipamentos e das etapas.
Se não tiver um bom desempenho no analógico, não significa necessariamente que terá um nível melhor no digital. Na maioria dos casos, as etapas de planeamento e preparação ainda são manuais. O profissional não passa a ser bom simplesmente pelo uso da tecnologia. A sua capacidade começa justamente no analógico, para depois evoluir para o digital.
É importante lembrar que em caso de complicações não previstas, pode haver a necessidade de conhecimentos e desenvoltura no analógico.
Em suma, o mundo de hoje é híbrido, digital e analógico, virtual e físico, e as indicações passam pelas opções que são recomendadas de acordo com as necessidades.
Por exemplo, na nossa clínica, trabalhamos com os dois sistemas. Todos os dias tentamos ter consciência do que é melhor entre um e o outro. Não é tarefa fácil, mas a curva de aprendizagem para tomar as decisões corretas é um pro- cesso que exige muita atenção e cuidado.
A nossa sugestão é que se pondere muito bem o momento de entrar no sistema digital. Os dados para tomar a decisão são de extrema importância; com certeza passam pela quantidade de trabalhos que serão executados, o investimento e a capacidade de endividamento.
Ah, é verdade, em relação ao título, não existe fluxo digital se não houver pacientes. Estes, por sua vez, só existirão se houver relacionamentos sólidos e consistentes.
Autor: Dr. Celso Orth — Graduado em Medicina Dentária - UFRGS; MBA em Gestão Empresarial - Fundação Getulio Vargas; Educador Físico - IPARS; Membro Fundador da Academia Brasileira de Odontologia Estética; Membro Honorário da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética; Palestrante de Gestão na Prestação de Serviços na área da saúde; Reabilitador que trabalha em tempo integral na Clínica Orth - Rio Grande do Sul - Brasil. Para enviar questões e solicitar esclarecimentos: celsoantonioorth@gmail.com