O JornalDentistry em 2020-6-25
Ainda há pouco tempo parecia que tínhamos entrado em 2020 e já estamos a meio... os últimos três meses de confinamento pela pandemia, tolheu-nos algumas rotinas, liberdades, dados adquiridos.
Célia Coutinho Alves, DDS, PhD, médica dentista doutorada em periodontologia, diretora do "O JornalDentistry"
E obrigou-nos a sair da zona de conforto. Na verdade, sair do conforto é mesmoa expressão que se aplica a quem retomou “de novo” a atividade clínica.
Mas se é verdade que só saindo da nossa zona de conforto é que apreendemos,
evoluímos, criamos valor, então quero acreditar que estas dificuldades que se agigantaram nestes últimos meses, farão de nós melhores médicos dentistas e melhores seres humanos.
Arrisco a dizer que este 2020 será um ano transformador.
Transformador nas formas de pensar e de ver a sociedade, na forma como nos movimentamos, como comunicamos. Isto tem reflexo, obviamente, no nosso trabalho enquanto profissionais de saúde que trabalham com pessoas, para pessoas. Os tempos de consulta estão alargados, os de desinfeção também. A colocação de troca de EPIs é exigente e os protocolos que assumimos necessários para o controlo da pandemia em contexto de consulta de medicina dentária, sendo essenciais, tiram-nos energia para aquilo que é o foco do que mais gostamos: ajudar na saúde, estética
e função oral dos nossos pacientes.
Aproveito para vos convidar a ler o artigo no qual convidados de várias áreas profissionais, partilham as suas ideias e experiências daquilo que mudou e do que foi adaptado nesta tentativa de regresso a uma nova normalidade. De facto, já Stephen Hawking afirmava que “1N73LL1G3NCE 15 7H3 4B1L17Y 70 4D4P7 70 CH4NG3.” - Intelligence is the ability to adapt to change. E não há outra forma de encarar os tempos ou a vida.
A mudança é uma inevitabilidade e adaptar-se a ela é a regra nº1 da subsistência. A transformação de que falo neste 2020 assume-se como uma mudança, mas uma daquelas à força, à queima-roupa, daquelas que, sem nunca a ter vivido antes, as gerações de agora não sabem como recebê-la. Uns continuam a querer que os tempos voltem ao que eram, outros assumem o “novo normal” ainda renegando tamanhas alterações às rotinas profissionais diárias e outros, assumem já, visionariamente, as alterações positivas que esta pandemia trouxe na adaptação de melhores protocolos e formas mais eficientes de fazer mais e melhor pelos nossos pacientes.
A verdade é que estamos todos a aprender, duma forma acelerada, é certo, mas esse é o único ritmo possível para equilibrar a luta com este novo vírus. Estamos a aprender a desconfinar a ritmo certo. No mês de Camões, de Portugal e dos santos populares, estamos a aprender que a mudança é a constante da vida. Esta pandemia veio garantir esse valor e tornar claro que nenhum de nós é detentor da verdade absoluta. Que é sempre possível fazer mais e melhor. Como médica dentista sei hoje, melhor que ontem, que há novas e melhores formas de controlar a infeção, há novas e melhores formas de marcar e confirmar as consultas dos nossos pacientes, novas e melhores formas de fazer formação à distância.
Este também é um mês de mudança na Ordem dos Médicos Dentistas.
Com eleições a 27 de Junho, cada médico dentista é chamado a votar e a eleger os seus representantes. Este é o momento por excelência que temos para chamar a todos nós uma responsabilidade que é nossa: A de votar. A de nos envolvermos em favor de classe. Não são os médicos que nos fazem saudáveis, nem os professores que nos fazem aprender, não são os treinadores que nos fazem ficar em forma, nem os “coachs” que nos fazem ricos. Esta é a altura de entendermos que o nosso crescimento é da nossa responsabilidade, não dos que se cruzam connosco. E o crescimento, a dignificação da classe, é da responsabilidade da classe! Por isso
há que escolher, há que eleger, há que lutar pelo futuro da profissão!