O JornalDentistry em 2022-1-16
Um relatório divulgado no inicio de janeiro de 2022, na revista The Lancet Public Health, conclui que em 2019 existiam 57 milhões de pessoas a viver com demência em todo o mundo.
Célia Coutinho Alves, DDS, PhD, médica dentista doutorada em periodontologia pela Universidade Santiago de Compostela
Em 2050, preveem os especialistas, os casos de demência entre adultos com mais de 40 anos podem chegar aos 153 milhões. As desanimadoras previsões divulgadas esta quinta-feira pela The Lancet Public Health che- gam com o apelo a “esforços mais agressivos” para abordar os fatores de risco de demência.
Para Portugal, projeta-se um aumento de 200 mil casos em 2019 para 351 mil em 2050. Esta é uma realidade assustadora para quem em 2050 terá mais de 70 anos, como eu. Além disso, surgiram evidências que sus- tentam a importância dos fatores de risco potencialmente modificáveis para a demência. A atualização de 2020 para a Comissão Lancet sobre pre- venção, intervenção e cuidado da demência destacou a evidência de 12 fatores de risco modificáveis para demência: baixa escolaridade, hiperten- são, deficiência auditiva, tabagismo, obesidade na meia-idade, depressão, sedentarismo, diabetes, isolamento social, excessivo consumo de álcool, traumatismo craniano e poluição do ar. As boas notícias é que alguns, a maioria, destes fatores de risco são moduláveis pelas nossas atitudes e comportamentos e dependem, em muito, das nossas decisões.
Isto vem provar, de outra forma, que nós somos o que pensamos. Nós somos o resultado das nossas decisões. Temos a sorte de viver em 2022, altura em que o avanço da ciência põe, já, à disposição da humanidade, uma série de conhecimentos que pode fazer virar o curso de alguns sená- rios. As alterações climáticas são uma realidade todos os dias e já não são meramente senários televisivos de países longínquos. Esta pandemia pro- va-nos, e volta a provar-nos neste arranque de 2022, que os impactos no seu curso são globais e só distam de todos e de cada um de nós o tempo de percorrer a distância que nos separa à velocidade a que se propagam. Assim, o ser humano tem de aprender a atuar mais inteligentemente na prevenção e antecipação do futuro do que na mitigação do fogo, sobretu- do quando ele já arde em várias frentes.