O JornalDentistry em 2021-9-25

EDITORIAL

Inteligência Artificial:"A nosso favor e nunca contra nós!"

E já estamos no mês das reentradas!Setembro atira-nos para a realidade do pós-férias, com a crua certeza que depois das merecidas férias vem o tempo de, novamente, arregaçar as mangas para mais um ano de trabalho, conquistas, expectativas, sonhos e realizações.

Célia Coutinho Alves, DDS, PhD, médica dentista doutorada em periodontologia

A reentrada este ano vem, também, com o peso da esperança numa melhoria da pandemia, da normalidade dos anos letivos, da diminuição das restrições da liberdade e da restituição de uma normalidade que já nos foge há tempo demais. 

A medicina dentária tem atravessado esta época pandémica com muita maturidade e vai sair dela reforçada, no respeito ganho pelos seus pacientes, a quem continuou a servir com uma segurança e dedicação máxima. O desafio do risco e do desconhecido com que os médicos dentistas acolheram o início dos primeiros meses da pandemia, e a segurança inequívoca nos processos e procedimentos que implementaram até agora, tornou-nos mais resilientes e mais fortes. Diria mesmo, mais inteligentes. 

Falo da inteligência humana e da artificial. Já todos entendemos que nos movemos num mundo mais tecnológico, mais digital. A presença da inteligência artificial (IA) já é uma realidade no nosso dia-a-dia. Quem de nós já não explorou e se espantou com softwares que conseguem abstrair, criar, deduzir e aprender ideias. Como por exemplo, a aplicação Fotos que consegue reconhecer o conteúdo das suas imagens e permite que façamos uma pesquisa digitando o nome de um objeto ou de uma simples ação.                O YouTube que pode transcrever áudio e gerar legendas para os vídeos em dez idiomas, o Spotify e a Netflix que usam inteligência artificial para entender as preferências dos utilizadores e recomendar, respetivamente, músicas e filmes ou a Amazon que também faz algo parecido ao oferecer aos seus clientes novos produtos a partir de “machine learning”. 

A inteligência artificial é um conceito mais amplo que, além do “machine learning”, inclui tecnologias como processamento de linguagem natural, redes neuronais, algoritmos de inferência e deep learning. Sempre com a ideia de atingir um raciocínio e atuação similares à dos humanos. O objetivo geralmente está em facilitar tarefas do quotidiano, avançar pesquisas científicas e modernizar indústrias. Para tal, coleta-se a cada milissegundo terabytes de dados, big data que analisados e processados  parecem contribuir para esta verdadeira revolução industrial que é a IA. A IA está em acelerado desenvolvimento e, hoje em dia, já consegue ser aplicada também às áreas médicas no campo do diagnóstico, por exemplo, mas não só. Com recurso a softwares inteligentes, a máquina consegue fazer diagnósticos de cancro com maior precisão que os médicos. A sua taxa de precisão é de 90%, em comparação com 50% no caso dos seres humanos.
As máquinas são, igualmente, mais eficientes na leitura labial, por exemplo. O programa LipNet desenvolvido na Universidade de Oxford e lançado em 2016 alcança 93% de precisão na leitura labial, enquanto a performance humana é, em média, de 52%. 

Na medicina dentária, a IA tem vindo a ganhar espaço para melhorar o diagnóstico e tomadas de decisão. Não com o objetivo de substituir a mão ou o cérebro humano, mas com o objetivo claro de reduzir o risco de erro, otimizar o tempo e os processos até ao resultado final, mas como tudo na vida, os avanços tecnológicos têm a outra face e neste caso não pode mesmo ser descurada. 

Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, Stephen Hawking e Bill Gates têm deixado claro que a inteligência artificial pode um dia tornar-se uma ameaça para as pessoas e até pôr fim à humanidade. Entretanto, renovar o compromisso focado na nossa melhor versão profissional e pessoal para servir os nossos pacientes, impõe-se nesta reentrada pós-férias. Com coragem para aceitar os novos desafios da inteligência artificial cada vez mais presente no nosso dia-a-dia, e sabedoria para equilibrar o seu peso na tomada de decisões em favor dos nossos pacientes. Que a inteligência seja sempre uma qualidade humana emprestada às máquinas, a nosso favor e nunca contra nós!

 

 

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