O JornalDentistry em 2022-5-16
Maio é o mês da mãe, das flores, de Maria e dos amores. Sempre gos- tei muito deste mês. Pelas razões anteriores, mas também porque é neste mês que comemoro o aniversário de três mulheres fundamentais na minha vida pessoal e profissional.
Célia Coutinho Alves , Médica Dentista Especialista em Periodontologia pela OMD Doutorada em Periodontologia pela Universidade Santiago de Compostela
A que me fez nascer, a que eu fiz nascer e a que me empresta as suas duas mãos todos os dias, para traba- lhar ao meu lado, a quatro mãos, no consultório há 15 anos. A minha mãe, a minha filha e a minha assistente. Há quem diga que nós somos o resul- tado da soma das cinco pessoas com quem mais privamos diariamente. Se assim é verdade, estas três mulheres impõem-me objetivos e motivos para crescer e agradecer, todos os dias.
Segundo um estudo da American Society for Training and Development, a probabilidade de conseguimos atingir um objetivo a que nos propomos, é de 10% se tivermos uma boa ideia e só aumenta para 40% se decidir- mos que a vamos pôr em prática. Essa diferença de 30% na probabilidade do nosso objetivo se concretizar, só depende da nossa decisão de materia- lizar a ideia. A probabilidade passa para 50%, apenas 50%, se estabele- cermos um plano para essa materialização e implementação, mas mesmo assim, só ficamos a metade do caminho.
A probabilidade passa para 65% se prometermos a alguém que vamos concretizar esse objetivo. As promessas mantêm-nos focados e com pres- são positiva para não quebrar a promessa ou desiludir, ajuda-nos a per- seguir o caminho. Mas a probabilidade de atingir um objetivo escala para 95% quando definimos no tempo e uma data concreta para cumprir a promessa. Uma data marcada com o compromisso verbalizado é 95% do caminho para atingir um objetivo. Por isso, uma dieta só funciona se tiver- mos compromisso marcado para nos pesarmos mensalmente, a ida ao ginásio só se mantém regular se tivermos o personal trainer à espera, ou a mudança de atitude só se efetiva se a consulta de choaching estiver agendada para mostrar os resultados.
Estas três mulheres que celebram o seu aniversário este mês, têm sido, cada uma à sua maneira, responsáveis por manter-me no caminho de alguns objetivos. Pessoais e profissionais. É também por causa delas, mas não só, que sou capaz de avaliar positivamente o sucesso na minha vida, até agora. Aprendi, há pouco tempo, que o nosso sucesso tem de ser medido em quatro perspetivas diferentes e que é o resultado do conjunto e do equilíbrio delas. O nosso sucesso avalia-se: primeiro na forma como nos vemos a nós próprios e como gostamos de nós. Segundo, avalia-se pelo que fazemos para ganhar dinheiro e de como isso nos realiza. Em terceiro lugar, avalia-se pelas decisões que tomamos sobre as pessoas a quem decidimos dar e dedicar o nosso amor. E por último, avalia-se pela forma e de que forma nos colocamos ao serviço do bem do outro.
Assim, não podemos encarar o sucesso tentando contabilizá-lo como se fosse apenas algo que podemos contar. O sucesso é algo que podemos sentir, mais do que contar. Por isso, não posso deixar de partilhar com tris- teza os resultados de um inquérito realizado pela OMD que recebeu mais de 2.400 respostas, num universo de 4.745 médicos dentistas inscritos na Ordem e com menos de 35 anos. Mais de metade dos jovens médicos dentistas mostram-se descontentes com a profissão, sendo que 32% se pudesse voltar atrás escolheria outra carreira, e perto de 25% pretende completar os estudos com outra área de forma a poder exercer outra pro- fissão. Os dados mostram que mais de metade (51%) dos jovens médicos dentistas recebe menos de 1.000 euros líquidos por mês, com mais de 50% dos jovens médicos dentistas a auferirem um rendimento mensal bruto de menos de 1.500 euros (53%) e mais de 70% tem um rendimento mensal líquido abaixo desse mesmo valor (74%).
Mas este resultado apenas reflete a segunda perspetiva (de quatro) em que o sucesso pode ser analisado e contribuiu apenas, por isso, com apenas 25% para o resultado total. Um médico dentista descontente ou desiludo com a profissão pode continuar a avaliar o seu sucesso positiva- mente, porque a medicina dentária pode ser o nosso sustento, o nosso hobby, paixão e alegria, mas não é a nossa vida. Até porque a vida se faz perseguindo objetivos e esses já sabemos como podemos aumentar a probabilidade de os concretizar: uma boa ideia que decidimos pôr em prá- tica através dum plano, depois de a partilhar e de assumir o compromisso de a perseguir com uma data/marcação para a sua concretização final!