O JornalDentistry em 2016-4-12

EDITORIAL

Um diagnóstico à Medicina Dentária jovem

O Conselho de Jovens Médicos Dentistas é uma estrutura, dentro da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), que reúne profissionais com até cinco anos de licenciatura.

Mariana Barcelos Vaz, coordenadora do Conselho dos Jovens Médicos Dentistas da OMD

Formamos uma equipa de jovens médicos dentistas de áreas geográficas diferentes, compreendendo realidades distintas e abrangentes. Queremos trazer dinamismo à OMD e mostrar uma voz presente, interventiva e permanente dos jovens. Uma voz que
debata abertamente os problemas que os jovens médicos dentistas sentem no dia-a-dia, na sua realidade: a nossa realidade.
E quais são as dificuldades de um recém-licenciado? Recentemente, num estudo independente de Diagnóstico à Empregabilidade dos Médicos Dentistas, em que participaram 3.161 médicos dentistas, verificou-se que os médicos dentistas mais novos são os mais pessimistas.
Uma fatia significativa (39,2 por cento) dos médicos dentistas a exercer por conta
de outrem não atendem mais do que 20 consultas por semana, sendo que 53,5 por cento destes médicos dentistas dedicam menos de 24 horas por semana ao atendimento efetivo de doentes.
Os jovens, que deviam ser os mais motivados, são os que na verdade enfrentam grandes dificuldades. Vivemos numa espiral recessiva em que a crise económica e financeira cortou o rendimento das famílias, que por sua vez reduziram as consultas de medicina dentária. Sem procura há menos consultas, mas o número de médicos dentistas continua a aumentar a cada ano. E isto gera subemprego, uma realidade que começa a ter proporções preocupantes.
Para Portugal, a Organização Mundial de Saúde recomenda um médico dentista para
cada 2000 habitantes e, neste momento, somos já cerca de um médico dentista para 1100 habitantes. Há excesso de profissionais, estamos muito acima do rácio recomendado pela OMS e as autoridades competentes tardam em adotar medidas que limitem o crescimento de médicos dentistas. A média de idades da profissão é baixa, pelo que há mais médicos dentistas a entrar no mercado de trabalho do que a sair e nem a emigração crescente consegue estancar este aumento.
O mesmo estudo demonstra também que 70,7 por cento dos inquiridos consideram
que não há saídas profissionais e que para 94,2 por cento há excesso de profissionais.
Tudo isto mostra o contras senso da saúde oral em Portugal. Se por um lado não faltam médicos dentistas, por outro o acesso a cuidados de saúde oral é cada vez mais difícil.
A solução passa também por uma integração da medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde.
Deparamo-nos assim com o problema da empregabilidade precária, o subemprego e a emigração forçada. É muito importante que os jovens tenham o discernimento para identificar situações de exploração. É para isto muito importante que estejam informados sobre a profissão e que estejam também sensibilizados para o facto de que, quando nos sujeitamos a trabalhar com más condições e sem perspetivas de futuro, não estamos a apostar em nós, nem na profissão.
Vivemos os problemas, sabemos as realidades.
Queremos, no Conselho de Jovens Médicos Dentistas, alertar para tudo isto. Teremos um papel informativo forte aos jovens médicos dentistas nos seus primeiros passos na profissão.
E queremos ser uma força construtiva para que mais oportunidades nasçam para os
jovens e para a Medicina Dentária.
 
Nota: Publicado na versão impressa e digital do "O JornalDentistry" de abril de 2016 na rubrica EDITORIAL CONVIDADO.

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