Esta frase, assim descontextualizada, poderia parecer quase frívola, não fora o seu conceito de felicidade algo apartado da diversão e da matéria, mas, antes, a
finalidade nobre das nossas vidas, em que cada humano é chamado a cultivar as virtudes do pensamento e do caráter, cumprindo-se na excelência, por intermédio da conscienciosa utilização de cada uma das suas potencialidades. Também na Universidade, e enquanto docentes, não será esse o exercício que sublimamos na maioria das nossas tarefas? Que pretendemos transmitir aos alunos, na nossa própria aprendizagem, na vida relacional e de organização social, no trabalho?
Sejamos felizes, abraçando serviços que fazem sentido, atentos à ética e ao rigor da técnica.
Dirijo-me especialmente aos colegas mais jovens. Para dizer-lhes que acolher desafios é estimulante e encontra-se na essência em missões laborais da nossa vida comum, enquanto médicos dentistas.
É verdade que o dever antigo que tomei com paixão tem consistido em transmitir a importância do diagnóstico precoce das disfunções temporomandibulares e dor orofacial a um maior número possível de profissionais de saúde da nossa comunidade (médicos dentistas, médicos de especialidades afins). Verifico, com júbilo, que a consciencialização do sofrimento que se pode evitar, tratando atempadamente a dor e a disfunção, deu frutos.
Os médicos dentistas portugueses têm uma excelente formação, que nos honra. Afirmo-o com o conhecimento adquirido ao lecionar em três das nossas faculdades, como membro do conselho científico da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), por longos anos, enquanto voz ativa da discussão curricular promovida pela EACD. Nesta área, estão mais habilitados do que em muitos outros países a tratar alguns casos de dor orofacial/disfunções temporomandibulares e a decidir quando devem orientar o doente para o especialista. A consciência de que a otimização do funcionamento do sistema estomatognático potencia favoravelmente os resultados dos tratamentos médico-dentários, principalmente na reabilitação protética e ortodôntica, faz parte dessa mensagem.
Norteada por esse sentido e, como atrás referi, aceitei recentemente presidir à mais prestigiada organização europeia que promove o desenvolvimento da área de dor orofacial e disfunções craniomandibulares, com base em evidência científica. A EACD inclui distintos membros de 20 países, cuja admissão, para além da apreciação curricular, tem decorrido de duas provas públicas. No debate entre os pares da comunidade científica internacional, decidimos efetuar uma profunda remodelação, desde a nomenclatura à abertura dos critérios de entrada de novos membros, já não tão exclusivista, de forma a simplificar a organização e responder aos anseios dos jovens colegas. Honra-me ter sido proposta e aceite para a presidir, desde o passado mês de novembro, nesta fase de transição de paradigma, que pressupõe um timoneiro que aja com bom senso e ética, para a levar a um novo porto. Durante o meu mandato, a EACD, em cooperação com a nova EAOPD (European Academy of Orofacial Pain and Dysfunction) organiza o 7th Quadrennial International Conference on Orofacial Pain and Temporomandibular Disorders, em Londres, de 20 a 21 do próximo mês de julho de 2018, para o qual convido a todos, desde já. Este congresso, que versará sobre “Latest Data on Orofacial Pain: clinical implications”, é uma oportunidade segura de atualização em que reunimos com as congéneres mundiais (American Academy of Orofacial Pain; Asian Academy of Craniomandibular Disorders; Australia & New Zealand Academy of Orofacial Pain; Academia Ibero Latinoamericana de Disfuncion Craneo-mandibular Y Dolor Facial).
Convido-os também à leitura da nossa revista, o Journal of Oral & Facial Pain and
Headache.
Queridos colegas, o sentido das nossas vidas interceciona-se. Contem com a minha dedicação, trabalho e sobretudo com a minha amizade para que sejamos felizes nessa comunhão