JornalDentistry em 2023-11-29
Papel da tecnologia e da investigação científica foram temas-chave na 43a edição do Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária, que decorreu em Oeiras entre 13 e 14 de outubro.
O Centro de Congressos do Lagoas Park, em Oeiras, foi palco do 43º Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD), que decorreu nos dias 13 e 14 de outubro. Dedicado à inovação e à digitalização no setor, o congresso que juntou centenas de profis- sionais e estudantes debateu os novos avanços no conheci- mento científico e tecnológico, assim como as oportunidades da saúde oral. “Este ano, mais uma vez, conseguimos reunir um conjunto muito vasto de palestrantes de elevado nível científico. A SPEMD procurou sempre a criação e a divulgação da ciência e, com isso, procurou sempre conferir alguma relevância à possibilidade dos investigadores e clínicos poderem apresentar o trabalho que fazem no seu dia-a-dia”, assinalou o Dr. Jaime Portugal, presidente da Comissão Científica.
O responsável fez questão de destacar a elevada partici- pação de investigadores com trabalhos em posters e comu- nicações orais, que, nesta edição, foram 143. Destes, 122 foram aceites pela comissão e, entre eles, destacaram-se 55 casos clínicos e 72 trabalhos de investigação. “São trabalhos com enorme qualidade. Os resumos serão publicados num número especial da revista da SPEMD”, confirmou ainda.
A inovação foi um dos temas fortes nesta reunião de profissionais em Oeiras. O Dr. João Silveira, presidente da Comissão Organizadora do congresso, realçou a importância da “utilização das mais recentes tecnologias para a melhoria dos desfechos dos nossos pacientes”.
Já o presidente da SPMED, o Dr. Duarte Marques, destacou a relevância de uma sociedade científica como esta, que tem já mais de um século de história na promoção do “intercâmbio e da partilha científica na área da saúde oral”, apostando numa “estreita relação que mantém com as escolas, os colé- gios, as associações científicas e os profissionais”. Uma das grandes novidades que o líder da sociedade quis partilhar foi o crescimento significativo de novos associados em relação a 2022, que permite rejuvenescer a instituição. “Foi graças às novas gerações que têm vindo a abraçar a nossa sociedade com a sua inovação e irreverência que podemos hoje afirmar que a SPMED se encontra em franco crescimento, tendo à data triplicado o número de novos associados”, afirmou.
Medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde
O papel da medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi um dos temas em destaque na sessão de abertura deste congresso. O Dr. Rui Moreira, presidente do Colégio de Estomatologia da Ordem dos Médicos, fez ques- tão de referir o Plano de Saúde Oral 2.0, “um documento de política de saúde” que vem melhorar a organização da saúde oral no país. “Esta criação de uma rede de medicina dentária e higiene oral devia ter em conta a sua articula- ção com os outros serviços do SNS, dado que o sistema não deverá estar fechado em si mesmo”, afirmou.
O responsável, que participou no congresso em represen- tação do bastonário da Ordem dos Médicos, pediu ainda “a urgente criação da carreira especial de medicina dentária no SNS, nos cuidados de saúde primários com condições logísticas adequadas”, o que, acredita, permite “ganhos óbvios em saúde”. Faltam, contudo, “medidas suficientes para aperfeiçoar e alargar o âmbito e a eficácia do cheque- -dentista”, o que poderia generalizar o acesso universal aos cuidados de saúde oral na população portuguesa.
O Dr. Miguel Pavão, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), espera que “num futuro muito próximo” os médicos dentistas possam fazer “a sua integração no SNS”, em especial nos cuidados de saúde primários e em ambiente hospitalar, para aumentar o acesso da população à saúde oral. “É com ponderada satisfação que a OMD considera que a saúde oral sai reforçada com o Orçamento do Estado para 2024, ape- sar de no documento haver apenas uma referência condicio- nada a quatro linhas num documento de 407 páginas”, afirma.
No entanto, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas aplaude o alargamento dos gabinetes de saúde oral nos centros de saúde e a revisão do cheque-dentista, cujo valor será revisto. “Ao fim de 11 anos sem sofrer atualizações, é mais do que justo que o valor do cheque-dentista seja agora revisto e complementado com o cheque- -prevenção e cheque-reabilitação oral”, aponta.
Francisco Almeida