Na Cerimónia de Abertura, muitas foram as personalidades que marcaram presença para saudar a Ordem dos Médicos Dentistas, os seus associados e os vários participantes deste Congresso, incluindo o Dr. Marco Landi, Presidente do CED (Council of European Dentists), Dr. David O’Flynn, Presidente da FEDCAR (Federation of European Dental Competent Authorities and Regulators), Dr. Wilson Chediek, Presidente da ABCD e da APCD (Associação Brasileira de Cirurgiões-dentistas e Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas), Dr. Luiz Fernando Varrone, Presidente da ABO (Associação Brasileira de Odontologia) e Dr. Gerhard Seeberger, Presidente da FDI (World Dental Federation).
Mas as atenções voltaram-se principalmente para os discursos da Dra. Filomena Salazar, presidente da Comissão Organizadora do 27º Congresso da OMD, do Dr. Orlando Monteiro da Silva, Bastonário da OMD, Dra. Raquel Duarte, Secretária de Estado da Saúde, Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde, e do Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa que, na impossibilidade de estar presente, deixou uma mensagem importante de abertura lida pelo Prof. Doutor João Caramês, presidente da Assembleia Geral.
Começando por dar uma palavra de estímulo a todos os profissionais, “que têm demonstrado muita determinação, coragem, engenho e arte”, o Presidente da República destacou este 20º aniversário como o corolário merecido do trabalho de todos os associados. “Celebrar 20 anos é um marco importante de qualquer organização, é um momento de introspecção sobre aquilo que correu bem e menos bem, mas é sobretudo um momento de olhar para o futuro". O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que concedeu o Alto Patrocínio a este Congresso, destacou também os resultados obtidos na promoção da saúde oral, na prevenção e no tratamento de muitos portugueses dentro e fora do Serviço Nacional de Saúde. “Devem-se sentir orgulhosos por pertencer a esta Ordem. Em nome de Portugal, agradeço-vos o vosso contributo profissional".
"Sinto orgulho em ser médica dentista e de presenciar aquilo que construímos”, confessou a Dra. Filomena Salazar, que deu continuidade à Cerimónia de Abertura com um discurso a destacar o cumprimento e a superação de todas as metas propostas para este congresso: “isto demonstra um forte sinal de dinamismo atual da medicina dentária portuguesa, o crescente reconhecimento da nossa profissão e a maturidade na realização dos nossos congressos”. Entre as várias iniciativas destes “três dias de intensa valorização profissional”, a presidente da Comissão Organizadora do 27º Congresso da OMD destacou o Fórum de Investigação em Medicina Dentária, pela primeira vez integrado no congresso.
Já Maria de Belém, ex-ministra da saúde, lembrou a ajuda dos países nórdicos na consolidação da democracia portuguesa, em concreto o apoio no campo da prestação de cuidados de saúde: “ajudaram a criar as primeiras escolas de medicina dentária no país”. Entre as vitórias destes últimos vinte anos, onde destacou a implementação do primeiro programa de saúde oral dirigido às crianças e aos adolescentes, Maria de Belém recordou que a saúde oral faz parte dos cuidados de saúde gerais e que tem múltiplos impactos na nossa vida. “É preciso prosseguir com o trabalho lançado na declaração de Tóquio, emitido aquando do Congresso da Organização Mundial da Saúde e que comprova, através de evidência científica, a relação entre a saúde oral com outras doenças previamente identificadas. Temos evoluído mais na esperança média de vida do que no número de anos que vivemos sem doenças.” Acrescentar mais saúde às nossas vidas é o objectivo que a ex-ministra acredita que deve ser percutido daqui em diante.
As declarações finais pertenceram ao Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas e à Secretária de Estado da Saúde. O Dr. Orlando Monteiro da Silva dedicou as primeiras palavras ao Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, pelo Alto Patrocínio concedido ao congresso e pela mensagem altamente estimulante que fez chegar a todos os participantes. Reforçou ainda a pertinência da Convenção Nacional de Saúde, promovida pela presidência, na qual a OMD marcou presença comprometendo-se a apresentar em breve uma agenda de saúde a próxima década.
Falando para uma plateia com vários representantes parlamentares, dos quais destacou a presença de Alexandre Quintanilha, o Dr. Orlando Monteiro da Silva não esqueceu os colegas que em 1998 consumaram a criação da OMD, nomeadamente o Dr. Manuel Fontes de Carvalho e Carlos Silva, respeTivamente Bastonário e Vice-Secretário Geral da Ordem dos Médicos Dentistas de então.
Revendo-se no percurso de colegas “que trabalham em três, quatro, cinco localidades diferentes, em vários consultórios, lutando pela vida e pelo reconhecimento”, o Bastonário da OMD olhou para o futuro e para os desafios que a profissão enfrenta, apontando o Serviço Nacional de Saúde: “Desde a sua criação, por razões diversas, deixou de fora a medicina dentária. Para a ordem, e para os portugueses em geral, é fundamental colmatar esta lacuna da falta de acesso. Se tal é feito através de parcerias público-privadas ou dentro das instalações do SNS é uma opção política. O fundamental é proporcionar acesso a uma medicina dentária de qualidade”, defendeu, ilustrando como exemplo o lançamento do programa de saúde oral em 2008, que incluiu o cheque-dentista, ou o projecto-piloto lançado em setembro de 2016 de prestação integrada de medicina dentária nos cuidados de saúde primários. “A criação de uma carreira de médico dentista no SNS, que já foi aprovada pelo Ministério da Saúde e que aguarda assinatura por parte do Ministério das Finanças, é um passo decisivo que urge dar."
Por seu turno, a Dra. Raquel Duarte optou por salientar os avanços que os cuidados de saúde oral tiveram em Portugal nos últimos anos: “Em 30 anos, o panorama da saúde oral, em especial nas crianças e nos jovens até aos 18 anos, mudou radicalmente”, com um investimento, desde 2008, a rondar os 184 milhões de euros. A aproximação da especialidade a grupos populacionais mais vulneráveis é, segundo a Secretária de Estado da Saúde, uma das mudanças mais visíveis e importantes. “Estamos a falar de crianças e jovens até aos 18 anos, grávidas, idosos, beneficiários do complemento solidário e de pessoas portadoras de infecção VHC. Até à presente data, demos acesso a consultas de medicina dentária e de higiene oral a cerca de 3,8 milhões de pessoas”, destacando que 60% dos tratamentos são de carácter preventivo, “um indicador extremamente positivo". A Dra. Raquel Duarte falou igualmente do Projecto de Intervenção Precoce em Saúde Oral, lançado em 2014, que permitiu o tratamento de 182 casos de lesões malignas e 209 casos de lesões potencialmente malignas.
A Secretária de Estado da Saúde terminou o depoimento fazendo um balanço entre os resultados positivos alcançados nas faixas etárias mais jovens em contraposição com os obtidos na idade adulta e na população idosa. “Na faixa etária dos 35 aos 44 anos, 42,5% tem mais de um dente cariado a necessitar de tratamento e 13,7% tem menos de 20 dentes estruturais presentes na boca. Já nos 65 aos 74 anos verificou-se que estes indicadores ficam ainda piores, em que 14,4% das pessoas são desdentadas totais”. Proximidade e equidade são, portanto, as metas a que se propõe o SNS para assegurar à população portuguesa um acompanhamento próximo no que à saúde oral diz respeito. “Está previsto, até final de 2018, que o número de gabinetes de medicina dentária seja cerca de 75, aumentando e melhorando a cobertura de cuidados de saúde oral nos cuidados primários. Já foi possível dar acesso a 100 mil consultas de medicina dentária nos centros de saúde a mais de 72 mil utentes do SNS, tendo sido realizados mais de 120 mil tratamentos. Actualmente colaboram cerca de 4900 médicos dentistas que em praticamente 9300 consultórios privados atendem os utentes do SNS com acesso cheque-dentista”.
O encerramento das celebrações dos 20 anos da OMD será no dia 11 de dezembro na Assembleia da República, numa cerimónia de evocação e reconhecimento do trabalho que a Ordem tem vindo a realizar no país.
Ordem dos Médicos Dentistas: www.omd.pt