JornalDentistry em 2023-1-05
O Centro de Congressos do Tagus Park acolheu no dia 15 de outubro o evento marcado por diversos temas, mesas-redondas, discussão de casos clínicos, sem esquecer a multidisciplinaridade
Os profissionais das Clínicas Santa Madalena reuniram-se para um dia de aprendizagens e partilha de conhecimentos nas VII Jornadas Médicas Santa Madalena.
O evento, que decorreu no passado dia 15 de outubro no Centro de Congressos do Tagus Park, em Oeiras, teve como principal objetivo olhar “para dentro” e fazer um ponto da situação após dois anos de pandemia que dificultou a comunicação, principalmente entre clínicas.
O dia foi dividido em várias temáticas, com o auditório principal a ser palco de uma primeira mesa-redonda sobre casos clínicos, com várias soluções, entre elas novas técnicas como o digital, selecionados pelos especialistas e debatidos em conjunto com a audiência.
Nuno Marques dos Santos, Diretor de Planeamento da Clínica Santa Madalena e membro da Comissão Organizadora da Jornadas Médicas, acredita que estes encontros de parti- lha, convívio, que permitem “sair da pressão do dia-a-dia”, resultam na “aproximação” e no “envolvimento das equipas que permite um maior alinhamento entre todos. Sentimos falta deste evento que nestes dois anos de interregno forçado”.
“A ideia principal era que depois do ano da pandemia fazer um ponto de situação de como está a clínica [Santa Madalena], dos planos de tratamento que nós fazemos e das opções de tratamento que podemos oferecer ao nosso doente”, começou por explicar o Dr. João Almeida Amaral ao JornalDentistry.
Para o professor e médico dentista, que também participou como orador, as reuniões científicas têm o “intuito de mostrar aos nossos elementos, novos e antigos, o que de novo é feito, o que de novo podem depois oferecer nos seus tratamentos. É distribuir conhecimento”.
O período da manhã encerrou com a apresentação da Dra Vera Cheroux sobre a integração multidisciplinar da consulta de DTM/ Orofacial, uma especialidade que considera fundamental dentro da medicina dentária que tantas vezes é confundida pelos pacientes. Neste campo, é essencial uma multidisciplinaridade bem combinada para que os doentes possam ter um diagnóstico correto.
“Pesquisar todos os sinais, ou seja, desde dor de cabeça - não é só o apertar dos dentes que é o que a maior parte das pessoas acha que é a nossa especialidade que não é - a uma dor na cervical, a um estalido que nunca tinha notado que existia até à data. Até o sono – se dorme bem, se não dorme bem – é super importante de ser investigado”, alertou a médica dentista, que deixou alguns alertas e guidelines para os colegas de medicina dentária para que consigam fazer um correto encaminhamento para a especialidade.
“A investigação, a ciência está a evoluir para medicina dentária multidisciplinar. O campo é multidisciplinar. Isto é win-win: nós mandamos para a medicina dentária, eles mandam para nós”, concluiu a Dra. Vera.
As técnicas avançadas de comportamento e a anestesia geral em odontopediatria, um tema apresentado pela Dra. Ana Alves e pela Dra. Ana Raquel Vieira, foi alvo de rasgados elogios por parte do público devido à importância e pertinência do tema. Das técnicas básicas de controlo de comportamento, a casos clínicos, as médicas dentistas partilharam o dia a dia num consultório com os pacientes mais novos.
“Se existir um correto diagnóstico, planeamento criterioso de tratamento e muitas vezes aliar a técnicas de controlo de comportamento quer básicas quer avançadas, iremos conseguir satisfazer as necessidades dos pacientes e acabar com os fatores medo, ansiedade e dor”, explicou.
A entrega dos Prémios FITAS Montellano - uma competição académica que permitiu aos alunos finalistas da Faculdade de Medicina Dentária Egas Moniz realizarem e apresentarem um projeto individual ou de grupo – foi apresentada pelo Dr. Rui Montellano, que destacou o papel da ligação entre as faculdades e as empresas para o futuro dos jovens médicos dentistas que estão agora a começar a dar os primeiros pas- sos. “Queremos que os jovens dentistas vão mais longe com o nosso apoio”, garantiu, nesta que foi a 1.a edição dos pré- mios, que deverão ser alargados para todas as faculdades de medicina dentária do país já a partir de 2023.
O fim do dia ficou também marcado pela entrega, desta vez dos prémios aos pósteres vencedores. A Dra. Ana Raquel Vieira e a Dra. Ana Alves arrecadaram o primeiro lugar, com o tema “Tratamento de Hipomineralização incisivo-molar, recorrendo a anestesia geral”. O segundo lugar foi atribuído ao Dr. João Amaral – “Remoção de instrumento fraturado em endodontia, a propósito de um caso clínico”. O terceiro lugar foi atribuído à Dra. Susana Dias, com o “Tratamento endodôntico em dentes com prognóstico reservado”. A Dra. Francisca Caldas Gonçalves recebeu também uma menção honrosa pelo poster com o tema “Excisão de quisto odontogénico com regeneração com L-PRF e colocação de implante cerâmico”.
Em declarações ao O’JornalDentistry, a Dra. Ana Raquel Vieira, uma das vencedoras do primeiro prémio, revelou que a decisão do tema do poster vencedor passou sobretudo por “auxiliar na desmistificação das palavras “Anestesia Geral”, como sendo uma técnica avançada de controlo de comportamento segura.
No seu discurso de encerramento, o Dr. Fernando Montellano destacou o trabalho feito até então, mas com os olhos já postos nos desafios do futuro: “Estamos consolidados, vamos fazer o nosso trabalho, preparar o nosso futuro sempre com tiros certeiros, que é aquilo que nós temos vindo ao longo dos tempos”. O Dr. Fernando Montellano considerou que se aproximam tempos de “grande incerteza”, apesar dos planos a longo prazo – novas clínicas já em 2025.
O balanço do VII Jornadas Médicas da CSM foi extrema- mente positivo. Segundo Nuno Marques dos Santos, a participação no evento foi elevada. “Tivemos um feedback extraordinário das nossas equipas quanto à qualidade científica das sessões e dos posters. A oferta ao longo do dia contou com múltiplos temas da medicina dentária de salientar a discussão de casos clínicos com o objetivo de promover inter-disciplinaridade e de dar a conhecer as melhores práticas”,afirmou.