O JornalDentistry em 2018-11-06
Um estudo do Centro Europeu para Controlo e Prevenção de Doenças, estimou o impacto de cinco tipos de infeções causadas por bactérias resistentes aos antibióticos com interesse para a saúde pública na União Europeia e no Espaço Económico Europeu (UE / EEE).
Portugal 2015 - DALYs (200/249) por 100.000 habitantes
O impacto da doença é medida em número de casos, mortes atribuíveis e anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs). Estas estimativas baseiam-se em dados da Rede Europeia de Vigilância da Resistência Antimicrobiana (EARS-Net) de 2015.
Os autores consideram que os problemas causados por infeções de bactérias resistentes a antibióticos na UE / EEE é substancial em comparação com outras doenças infecciosas, e aumentou desde 2007. Estratégias para prevenir e controlar bactérias resistentes a antibióticos requerem coordenação na UE / EEE e a nível global. No entanto, o estudo mostrou que a contribuição de várias bactérias resistentes a antibióticos para o impacto total varia muito entre os países, destacando assim a necessidade de estratégias de prevenção e controle adaptadas às necessidades de cada país da UE / EEE .
O estudo estima que cerca de 33.000 pessoas morrem a cada ano na Europa como consequência direta de uma infeção causada por bactérias resistentes a antibióticos e que as consequências dessas infeções é comparável à da influenza, tuberculose e VIH/SIDA combinadas. Também explica que 75% das doenças são devida a infeções associadas a cuidados de saúde e que a redução através de medidas adequadas de prevenção e controle de infeções, bem como a administração de antibióticos, poderá ser um objetivo alcançável nos serviços de saúde.
Finalmente, o estudo mostra que 39% são infeções por bactérias resistentes a antibióticos de ponta, como os carbapenêmicos e a colistina. Este aumento em relação a 2007 é preocupante porque esses antibióticos são as últimas opções de tratamento disponíveis. Quando estas já não são eficazes, é extremamente difícil ou, em muitos casos, impossível tratar as infeções.
O estudo foi desenvolvido por especialistas do ECDC e do Burden of AMR Collaborative Group e publicado no The Lancet Infectious Diseases. Os resultados deste estudo também são usados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para estimar encargos económicos da resistência aos antibióticos.
De acordo com o estudo publicado no The Lancet Infection disease estima-se que 63,5% (426 277 de 671 689) dos casos de infeções por bactérias resistentes a antibióticos são associados a cuidados de saúde, resultando em 72,4% (23 976 de 33 110) de mortes atribuíveis e 74,9% (127 de 180) de DALYs por 100.000 habitantes.
Esta investigação sugere que as infeções por bactérias resistentes a antibióticos ocorrem predominantemente em hospitais e outros estabelecimentos de saúde.
A Itália e a Grécia tinham uma carga estimada substancialmente maior de bactérias resistentes a antibióticos do que outros países da UE/ EEE, com bactérias resistentes a carbapenem ou resistentes à colistina havendo uma proporção maior da carga total na Grécia do que na Itália. Em 2015, para além de um aumento substancial devido a infecções por bactérias resistentes a carbapenem ou resistentes à colistina, Portugal e Malta tiveram um aumento substancial devido a infeções por MRSA. Na Irlanda, a E faecalis e a E faecium resistentes à vancomicina causaram uma proporção mais elevada da carga total do que em outros países. Na Espanha e na Eslovénia, o aumento das estimativas de impacto foi devido a infeções por S pneumoniae resistentes a antibióticos que foi superior a outros países.
O 6 Maiores DALYs por 100.000 habitantes na Europa motivados por infeções resistentes aos antibióticos: (Dados de 2015):
Grécia (> 250)
Italia (>250)
Ucrania (>250)
Portugal (200-249) - Com aproximadamente 1.150 mortos em 2015
França ( 200-249)
Fonte: European Centre for Disease Prevention and Control /The Lancet - Infection Diseases