JornalDentistry em 2023-11-25

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Danos no esmalte dentário em pacientes com Doença Celíaca podem ser causados por uma reação autoimune

De acordo com um estudo recente, os danos ao esmalte dentário comuns na doença celíaca podem ser causados por uma reação autoimune desencadeada por proteínas intestinais ou alimentares.

O Instituto de Medicina Dentária da Universidade do Leste da Finlândia esteve envolvido no estudo colaborativo internacional, cujos resultados foram publicados na Nature.

Os pesquisadores encontraram uma ligação entre distúrbios de desenvolvimento do esmalte dentário observados em certas doenças autoimunes, como a Doença Celíaca, e o aparecimento de auto-anticorpos contra proteínas responsáveis pela formação de esmalte dentário saudável.

A Doença Celíaca é uma das doenças autoimunes mais comuns atualmente, desenvolvendo-se principalmente na infância e afeta 1 em cada 100 pessoas.

A enzima proteína transglutaminase 2 do intestino delgado (TGM2) desempenha um papel fundamental no desencadeamento da Doença Celíaca, modificando a proteína gliadina, um componente do glúten na dieta, no intestino. O sistema imunológico das pessoas afetadas reage ao complexo enzima/gliadina e produz auto-anticorpos contra ambas as proteínas. O aparecimento de anticorpos contra TGM2 é tão específico da doença que também é utilizado para rastrear a Doença Celíaca.

Embora o principal sintoma da Doença Celíaca seja a inflamação do intestino, é sabido que nas crianças afetadas pela doença o esmalte dos dentes muitas vezes não se desenvolve adequadamente. Muitas vezes, o médico dentista da criança é o primeiro a suspeitar da Doença Celíaca.

Durante muito tempo pensou-se que as manifestações dentárias na Doença Celíaca eram causadas principalmente pela má absorção associada à inflamação intestinal. No entanto, o presente estudo mostrou pela primeira vez que os defeitos na formação do esmalte podem ser causados por anticorpos produzidos contra proteínas no intestino ou na dieta, através da ligação a proteínas que controlam o desenvolvimento do esmalte dentário. Isto se deve ao fato de que as proteínas do esmalte dentário possuem locais de ligação de anticorpos semelhantes como, por exemplo, a enzima TGM2 e a proteína kappa-caseína no leite de vaca.

O estudo envolveu investigadores da República Checa, Israel, Noruega, Hungria e Finlândia que acompanharam 48 adultos e 21 crianças com Doença Celíaca, bem como 28 pacientes com APS1 com outra doença autoimune, a APS1.

A resposta imune relacionada ao dano ao esmalte também foi estudada em modelos animais. O professor universitário Szabolcs Felszeghy, da Universidade do Leste da Finlândia, contribuiu para o estudo, mostrando, entre outras coisas, que os anticorpos contra TGM2 em pacientes com Doença Celíaca podem ligar-se às proteínas do esmalte dentário e, assim, interferir no desenvolvimento dentário.

 


Fonte: MedicalXpress / University of Eastern Finland

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