O JornalDentistry em 2019-4-11
O estudo “Diagnóstico à Empregabilidade”, realizado pela consultora independente QSP, mostra que a medicina dentária continua a ser uma profissão liberal, mas há cada vez mais médicos dentistas, sobretudo nas gerações mais novas, a prestar serviços como colaboradores de clínicas e consultórios e não como proprietários, como acontece com as gerações mais velhas.
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Dr. Orlando Monteiro da Silva, sublinha que “as conclusões deste estudo mostram como a realidade da profissão está a evoluir. Sem perder o seu carácter liberal, a segurança e até prosperidade
económica do passado estão a dar lugar à precariedade e à incerteza. As novas gerações de médicos dentistas enfrentam uma nova realidade chamada subemprego. Se por um lado entram rapidamente no mercado de trabalho, a curto e médio prazo têm dificuldade em encontrar um equilíbrio entre horas trabalhadas e a remuneração”. As conclusões do estudo revelam que mais de metade dos médicos dentistas trabalham hoje por conta de outrem, 45% exercem em consultório próprio e apenas 5% exercem em hospitais ou centros de saúde. Há, contudo, diferenças geracionais assinaláveis: os dados do estudo revelam que dos médicos dentistas que se formaram há menos de 10 anos, 75% trabalham por conta de outrem, sendo que 70% dos que se formaram há mais de 10 anos exercem atividade em clínica ou
consultório próprio. A maioria (62%) exerce em um ou dois consultórios. No entanto, são os médicos dentistas que se formaram há menos de 10 anos que trabalham maioritariamente em mais do que um consultório. Dos 2.095 médicos dentistas que participaram no estudo, 45% têm um rendimento mensal bruto até 1.500 euros. Há 33% que auferem entre 1.500 e 3.000 euros brutos por mês e 20% que ganham mais de 3 mil euros brutos mensais. Os salários mais baixos estão nas camadas mais jovens, sendo que apenas 4% dos médicos dentistas recebem 14 ordenados por ano; a maioria (54%) recebe 12 salários. A remuneração dos médicos dentistas é, essencialmente, variável consoante o número e o custo dos procedimentos. Só 26% tem uma remuneração fixa. Há ainda 11% que recebe um salário fixo acrescido de uma percentagem variável. De salientar que 88% dos médicos dentistas que trabalham por conta de outrem têm uma remuneração variável e a maioria (69%) aufere entre 30% a 49% do valor dos tratamentos. A inserção no mercado de trabalho dos médicos dentistas é rápida: 78% inicia a atividade em menos de 6 meses e em 40% dos casos não chega a um mês. No entanto, estes valores são condicionados por quem se formou há mais de 10 anos: 60% começou a trabalhar em menos de um mês. Nas gerações mais novas, os dados indicam que a estreia no mercado laboral é cada vez mais lenta e precária. Das atividades médico-dentárias analisadas, os meios de diagnóstico (66%) e a emissão de receitas (55%) são os procedimentos mais cobrados. Nas restantes funções, como aconselhamento, emissão de atestados ou segundas opiniões, mais de metade dos médicos dentistas nada cobra. Na impossibilidade legal da OMD ter uma tabela de valores referência para a prestação de serviços, 79% consideram importante ou muito importante que o Governo a decrete. 60% Dos médicos dentistas referem que mantiveram os preços no último ano, um valor que diminui face a 2017 (65%). Há 19% de inquiridos que aumentaram o preço dos procedimentos e 10% que diminuiu (menos 3% que em 2017).
Os utentes esperam em média 10 dias por uma consulta de medicina dentária e, em média, os médicos dentistas realizam 41 consultas por semana. Os distritos com maior número de consultas realizadas são Beja (38%), Castelo Branco (36%) e Évora (35%), distritos onde se observa uma percentagem superior de médicos dentistas a atender mais do que 51 utentes por semana. O pagamento das consultas e procedimentosé feito sobretudo no ato (até 59%), seguem-se os seguros de saúde (até 15%), os subsistemas públicos (até 12%), o cheque dentista e os planos de saúde (até 8%) e o crédito (até 7%).