2014-7-21
Estudo realizado em conjunto pelas Universidades de Boston e Washington, nos Estados Unidos da América (EUA), e publicado na revista científica PLOS Pathogens, evidencia que a Porphyromonas gingivalis, bactéria presente na doença periodontal, pode induzir condições inflamatórias crónicas nos vasos sanguíneos, contribuindo para o aumento de risco de aterosclerose.
Tal como outras bactérias gram negativas, a Porphyromonas gingivalis apresenta uma parede celular composta essencialmente por lipopolissacarídeos. Ao longo da evolução, o sistema imunitário dos mamíferos evoluiu no sentido de reconhecer este revestimento e de desencadear uma resposta imunitária. No entanto, de forma a tentar clarificar a forma como estes agentes patógeneos são capazes de “sobreviver” perante as reações imunitárias e causar inflamação, tanto localmente na cavidade oral, como sistemicamente em vasos sanguíneos distantes, os investigadores estudaram o lípido específico (lípido A) presente na sua parede celular e considerado responsável pela sua toxicidade. Assim sendo, os investigadores desenvolveram estirpes geneticamente modificadas de Porphyromonas gingivalis em duas versões distintas. Por um lado, com um lípido A “agonista”, ativador do regulador do sistema imunitário TL4 e, por outro, com um lípido A “antagonista” que interagia com TLR4, mas que bloqueava a sua ativação. Concluíram que o “antagonista” era capaz de evitar a atividade bactericida, mediada por TLR4 nos macrófagos, resultando a presença destas células em inflamação sistémica. Quando camundongos propensos a ateroesclerose foram “infectados” na cavidade oral com a espécie de Porphyromonas gingivalis capaz de expressar lípido A “antagonista” verificou-se inflamação vascular, aumento do número de macrófagos e progressão da ateroesclerose. Em contraste, a experiência com a estirpe “agonista” resultou numa diminuição das taxas de sobrevivência bacteriana e lise de células do sistema imunitário capazes de gerar inflamação. |