O JornalDentistry/Lift Consulting em 2016-9-29
Segundo investigadores do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET), a cereja, o agrião, a alfazema e poejo são exemplos de produtos naturais que têm na sua composição química compostos com potencial efeito anti-tumoral.
Os investigadores do iBET depois de terem desenvolvido uma nova tecnologia de extração limpa e sustentável - tecnologia de extração com solventes não tóxicos pressurizados –, conseguiram isolar com sucesso diversos extratos naturais cuja bioatividade testaram in vitro, comprovando o seu potencial para travar a multiplicação de células humanas de cancro.
Até ao momento, os extratos naturais testados e que apresentam concentrações elevadas dos compostos bioativos alvo derivam do refugo de cereja, das cascas de citrinos, de quatro ervas aromáticas e três vegetais crucíferos: alfazema, rosmaninho, hortelã e poejo, agrião, brócolos e rúcula. Por exemplo, o refugo de cereja, hoje desaproveitado, tem extratos ricos em álcool perílico, um monoterpeno com reconhecida atividade anticancerígena.
“Este é mais um passo para a futura disponibilidade de nutracêuticos e princípios ativos naturais, reconhecidos pelos pares, pela regulamentação e pela indústria, e recomendados pelos clínicos como agentes que retardem o aparecimento da doença ou como coadjuvantes de métodos terapêuticos agressivos, permitindo a diminuição das doses terapêuticas ou a atenuação de efeitos secundários”, refere Teresa Serra, investigadora líder do projeto.
Além da importância clínica e humana, prevê-se que “o trabalho que estamos a desenvolver tenha um impacto económico relevante junto da indústria agro-alimentar uma vez que envolve a valorização de desperdícios e excedentes provenientes das suas fábricas e produções”, refere Ana Matias, responsável do “Grupo de Nutracêuticos e Libertação Controlada” do iBET, instituto que tem vindo a marcar uma forte posição nacional e internacional nesta área de investigação.
Parceria com o IPO é fundamental para avançar para testes in vivo
Uma vez concluída a fase de testes laboratoriais, será fundamental a parceria já estabelecida com o Instituto de Português de Oncologia IPOLFG, que permitirá estudar o efeito destes extratos naturais em várias linhas celulares correspondentes a diferentes vias de génese tumoral, assim como em células derivadas de pacientes.
Na sequência do projeto, está prevista a realização de um estudo clínico para avaliar o seu efeito em doentes oncológicos com cancro colorretal, o terceiro com maior incidência.
Refira-se que o projeto junta Engenharia Química, Química Analítica, Biotecnologia e Oncobiologia, estando a ser desenvolvido por Ana Matias, Teresa Serra, Liliana Rodrigues, Carolina Pereira e Lucília Pereira do já referido “Grupo de Nutracêuticos e Libertação Controlada” e contando ainda com a colaboração de Rosário Bronze, do “Laboratório de Métodos Sensoriais”, e de Catarina Brito, da “Unidade de Tecnologia de Células Animais”, também do iBET.
O projeto está ainda a ser apoiado pela FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pela unidade de investigação iNOVA4Health, o Programa de Medicina Translacional que junta como parceiros iBET, ITQB-UNL, CEDOC|Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e Instituto de Português de Oncologia IPOLFG.
Sobre o iBET
Fundado em 1989 como uma instituição de Investigação e Desenvolvimento (I&D) vocacionada para estabelecer pontes entre a academia e a indústria, o iBET é hoje a maior instituição privada portuguesa sem fins lucrativos, dedicada à investigação em biotecnologia, área em que foi pioneiro.
Referência global na aplicação da biotecnologia à saúde e no desenvolvimento de vacinas, biofármacos e novas terapêuticas mais eficazes, o IBET tem vindo também a aplicar os princípios da Biotecnologia à Nutrição Clínica, à Indústria Alimentar e ao setor Agroflorestal.
O Instituto desenvolve em simultâneo cerca de 70 projetos de I&D, assegurados por cerca de 120 investigadores, engenheiros, técnicos e bolseiros, e as suas competências são apoiadas por uma rede académica dinâmica e multidisciplinar o que, juntamente, com a sua estrutura orientada para a obtenção de resultados aplicados, lhe permite transferir o conhecimento que cria para as empresas, ajudando-as a inovar, a criar valor, emprego e crescimento económico.
Para mais informações:
Erica Macieira: 910 549 515