O JornalDentistry em 2019-11-14
Dois investigadores portugueses são os grandes vencedores da 63ª edição dos Prémios Pfizer – o mais antigo galardão na área da Investigação Biomédica atribuído em Portugal, com o objetivo de contribuir para a dinamização da investigação em ciências da saúde no país
O Prémio “Investigação Clínica” foi atribuído à equipa coordenada pela investigadora Guadalupe Cabral, do Centro de Estudos de Doenças Crónicas (CEDOC) da NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa, com um trabalho na área do cancro da mama, uma das principais causas de morte por cancro de mulheres jovens.
A investigação liderada por João Peça, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e docente no Departamento de Ciências da Vida, FCT, Universidade de Coimbra, na área do autismo, foi escolhido pelo júri da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa na categoria de “Investigação Básica”.
A cerimónia da entrega dos prémios, no valor total de 50 mil euros, teve lugar no Teatro Thalia, em Lisboa, contando com a presença do presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, Luís Graça, do diretor-geral da Pfizer Portugal, Paulo Teixeira, bem como o Presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, em representação da Ministra da Saúde. O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, também esteve presente e teve a missão de encerrar a entrega de prémios.
Paulo Teixeira deu início ao encontro e lembrou que “a inovação só é possível devido a quatro fatores: coragem, excelência, equidade e alegria”. Seguiu-se Luís Graça, que assinalou que este “não é só o mais antigo, como também o mais prestigiado” prémio de investigação biomédica em Portugal.
A palestra de abertura da cerimónia, sob o tema “A saúde da Ciência” ficou a cargo de Nadim Habib, Mestre em Economia pela London School of Economics, consultor internacional nas áreas de estratégia, inovação e criatividade e atualmente Professor Auxiliar convidado na Nova SBE. “Se há algo que está a passar uma crise profunda, é a ciência”, afirmou, já que “a ciência hoje em dia está a desligar-se da sociedade”. Por outro lado, é preocupante o facto de “em vez de a ciência orientar a política, ser a política a orientar a ciência”, assinalou o professor.
Lembrando as “fake news” e os “fake papers” – artigos científicos sem validade –, Nadim Habib alertou que “a qualidade do debate está a piorar”, enquanto hoje “na saúde é muito difícil distinguir a ideologia do conhecimento científico” e “nunca tivemos tanta dificuldade em distinguir o que é verdade do que não é”, embora se viva numa sociedade de informação.
Após a entrega dos prémios aos investigadores da Universidade de Coimbra e Universidade Nova de Lisboa, Rui Santos Ivo congratulou os premiados e agradeceu “à Pfeizer por continuar a apostar na inovação” no nosso país.
Manuel Heitor fechou o encontro, mas não sem antes refletir sobre o estado de arte da investigação científica em Portugal. É importante “o reconhecimento de que umas áreas não são melhores do que outras”, lembrou, enaltecendo também a importância de todos os cidadãos no contributo para a sustentabilidade do modelo de financiamento público da ciência e investigação.