Por cada dentista adicional por 10 mil pessoas em cada condado, os investigadores notaram uma queda de 1% nas taxas de obesidade adulta. Os resultados sugerem, assim, que os dentistas podem desempenhar um papel chave na prevenção da obesidade, disse Jessica Holzer, autora principal do estudo e professora na Hofstra University, que conduziu a pesquisa ao longo de um pós-doutoramento na SPH.
"O simples fato de termos contatado que existe esta relação foi impressionante", disse Holzer. "Poderia, potencialmente, existir um papel a desempenhar pelos dentistas em identificar ou limitar a obesidade."
Holzer, juntamente com os co-autores do estudo, Maureen Canavan e Elizabeth Bradley, da SPH, iniciou a investigação depois de olhar para os dados sobre taxas de obesidade por condado e outros fatores relacionados com a saúde, que foram disponibilizados publicamente como parte do programa Robert Wood Johnson County Health Rankings and Roadmaps.
Escolheram a existência e prevalência de dentistas como a sua variável de interesse porque esta variável nunca antes tinha sido estudada em conjunto com taxas de obesidade.
Os investigadores analisaram os efeitos da intervenção de dentistas durante o controle de fatores já anteriormente correlacionaram com a obesidade, incluindo fatores sociodemográficos, como educação e níveis de rendimento, bem como outras características do medidas do meio envolvente, tais como o número de instalações de lazer e restaurantes de fast-food num determinado condado. Também tiveram em consideração no seu estudo a observação de que condados geograficamente próximos mostravam taxas de obesidade semelhantes, tal como acontece em condados dentro do mesmo Estado.
Mesmo ao controlar estes fatores, os investigadores descobriram que a um maior número de consultórios de dentista correspondiam menores taxas de obesidade. O efeito era ainda mais acentuado nos condados com mais médicos de cuidados primários, onde em cada médico adicional por 10.000 cidadãos havia um decréscimo de 1,7% nas taxas de obesidade. A prevalência de dentistas também estava correlacionada com taxas de obesidade significativamente menores em condados onde mais de um quarto das crianças vivem em condições de pobreza.
"Descobrimos que a primeira etapa de uma associação entre a maior prevalência de dentistas e menores taxas de obesidade", disse Canavan. "Agora podemos realmente tentar observar e entender qual é o nexo causal, a relação."
Contudo, acrescentou, embora o estudo identifique os dentistas como atores potencialmente valiosos na prevenção da obesidade, os investigadores só podem especular sobre os mecanismos subjacentes a esta correlação entre os dentistas e a obesidade.
Holzer e Canavan adiantaram algumas explicações. As pessoas que vão ao dentista, por exemplo, podem ser mais pró-ativa em termos de saúde e menos propensos a consumir açúcar e tornar-se obesas. Por outro lado, os dentistas podem estar a ter um impacto positivo sobre o bem-estar dos pacientes através da promoção de comportamentos saudáveis.
Jeannette Ickovics, também professora na SPH, que não esteve envolvida no estudo, disse que os resultados são importantes porque identificaram fatores que podem reduzir o risco de obesidade.
Embora o estudo, que foi publicado na edição de setembro do Journal of American Dental Association, estabeleça uma correlação mais do que uma relação causal, Canavan considera que ele abre novas possibilidades nas pesquisas sobre obesidade, incluindo estudos de pacientes individualmente e de dentistas, estudos de comunidades ao longo do tempo e estudos de intervenção em que os dentistas ativamente possam educar os seus pacientes sobre obesidade.
De acordo com o Center for Disease Control and Prevention, a obesidade afeta 34,9% dos adultos nos EUA e o seu custo em termos de cuidados de saúde é de aproximadamente 147 mil milhões de dólares por ano.
Fonte: Estudo, que foi publicado na edição de setembro do Journal of American Dental Association, |