O JornalDentistry em 2020-8-13
Um grupo da Clinical Research Unit do Centro de Investigação Interdisciplinar Egas Moniz publicou dois estudos na prestigiada revista Scientific Reports onde mostra, pela primeira vez, que a nova classificação de 2018 supera a classificação de 2012 no diagnóstico parcial periodontal e a elevada prevalência de periodontite na região de Almada e Seixal
Este grupo de investigadores da Egas Moniz, Cooperativa de Ensino Superior, CRL, publicaram dois estudos na prestigiada publicação Scientific Reports, ao descrever a condição periodontal de uma Região Sul da Área Metropolitana de Lisboa e sobre o nova diagonóstico periodontal.
Um dos estudos teve tem como objetivo mostrar que a nova classificação de 2018 (da Federação Europeia e da Academia Americana) supera a classificação de 2012 em relação ao diagnóstico e estadio da periodontite com métodos parciais de diagnóstico. Esta sugestão contribui para o reforço da confiança na nova classificação, mas também na prática clínica diária pois servirá para reduzir o tempo e esforço com igual eficácia.
“O processo de publicação na revista Scientific Reports decorreu sem problemas e de forma rápida, muito devido à utilização da nova plataforma de submissão implementada pela editora Nature Research. Esta não foi a primeira vez que um dos nossos trabalhos de investigação foi publicado nesta revista. Recentemente publicámos os resultados do Estudo SoPHiAS "Study of Peridontal Health in Almada-Seixal"
(https://www.nature.com/articles/s41598-019-52116-6).
Trata-se do maior estudo epidemiológico sobre doença periodontal que já foi efetuado em Portugal e que revelou resultados relevantes e com potencial impacto na definição de medidas de Saúde Pública nesta área”, explica explica o Prof. Doutor José João Mendes, em nome do Grupo de Investigação.
A investigação visou descrever a prevalência e extensão das doenças periodontais entre adultos na região sul da Área Metropolitana de Lisboa e teve como base 1.064 participantes, 617 mulheres e 447 homens, escolhidos de forma aleatória de idades compreendidas entre os 18 e os 95 anos, onde foram registados comportamentos sociodemográficos e informações médicas.
Foram realizadas avaliações às condições periodontais com um exame circunferencial à totalidade da cavidade oral dos pacientes, onde foi aplicada uma análise de regressão logística para apurar fatores de risco hipotéticos para a periodontite.
A prevalência da periodontite foi de 59,9%, com 24,0% e 22,2% dos participantes com periodontite severa e moderada, respetivamente. O risco de periodontite aumentou significativamente com a idade para os fumadores ativos e ex-fumadores e para indivíduos com níveis de ensino médio e elementar, respetivamente e com diabetes mellitus.
Posto isto, este estudo confirma um elevado fardo de periodontite na subpopulação alvo.
“Em 2018, foi publicado um consenso mundial, numa articulação da European Federation of Periodontology (EFP) com a American Academy of Periodontology (AAP). Esta nova classificação reviu pontos não resolvidos da classificação anterior, mostrando uma capacidade confiável de refletir as características dos pacientes, a evolução da doença e a perda de dentes”, afirma.
Quando questionado sobre os critérios que estão presentes nesta nova classificação, o Dr. João Botelho explica que os principais pontos desta nova classificação são a definição, pela primeira vez, de estadios de saúde periodontal, a decisão de extinguir a utilização de periodontite agressiva em que todos os casos são definidos doravante por periodontite, uma melhor definição das doenças peri-implantares, entre outras novidades.
“Não obstante, este novo consenso apresenta um grau de complexidade maior, o que poderá dificultar a sua utilização na prática clínica. Contudo, esta evolução é natural face às descobertas dos últimos anos em Periodontologia mas pode resultar numa menor apetência para sua aplicação na prática clínica diária. E, no nosso ponto de vista, este é umverdadeiro desafio”.
“Foi nesta premissa que decidimos investigar se esta nova classificação poderia ser usada para avaliar um menor número de localizações (de forma parcial) e ter a mesma eficácia de diagnóstico inicial. Para além disto, comparámos estes resultados com a definição de casos de 2012”.
O Grupo de Investigação garante ainda que esta nova classificação reforça a eficácia clínica de utilizar menos zonas de sondagem periodontal para chegar a resultados clínicos iguais ou muito parecidos. Por exemplo, esta estratégia pode ser usada em diagnósticos rápidos pelas equipas clínicas de forma a encaminhar para o Periodontologista.
Poderá ter também enormes vantagens em estudos epidemiológicos, reduzindo o seu tempo, custo e desconforto do paciente, e pode contribuir para aumentar o número de estudos de vigilância de periodontite a nível nacional e internacional.