Tudo isto começou porque o italiano Vito Tartamella, investigador na área da linguística e autor de livros acerca de apelidos invulgares, deparou-se com um nome estranho na autoria de vários artigos científicos publicados em revistas de renome na área da física. Intrigado por alguém se chamar efetivamente StronzoBestiale, “autêntico imbecil” em português, decidiu contactá-lo. Começou por procurer na lista telefónica pelo homem que se apresentava como professor de física em Palermo.
Deparando-se com a sua ausência nessa lista, decidiu deslocar-se mesmo até à Universidade, onde veio a constatar que essa pessoa não existia. Não deixando as suas investigações ficar por aí, contactou os coautores de alguns desses artigos científicos publicados. Foi então que o professor norte-americano já reformado William G. Hoover lhe desvendou o mistério.
Acontece que, em 1987, após os pares lhe terem recusado as publicações de alguns dos seus trabalhos académicos, decidiu voltar a tentar a sua republicação em outras revistas científicas.
Para tal, alterou apenas o título e adicionou, como forma de crítica à recusa anterior, o inexistente Professor Stronzo Bestiale, “o autêntico imbecil”, na coautoria. A verdade é que o trabalho foi aceite para publicação e, por incrível que pareça, tal era a importânciado mesmo, 27 anos mais tarde, Stronzo Bestiale continua a ser citado nas bases de dados científicas.
Este facto colocou a nu a vulnerabilidade dos sistemas de avaliação de investigação científica.
Se um autor era capaz de inserir o nome de outro que nem sequer existia, quem garantiaque os conteúdos eram também examinados com cuidado? Depois desta descoberta, desde a paleontologia até à medicina, Vito Tartamella já identificou inúmeros autores inexistentes e encontrou também outros apelidos invulgares em pessoas verdadeiras. Embora este relato tenha atingido uma projeção internacional e a comunidade científica italiana tenha ficado profundamente ofendida, a história do Professor Stronzo Bestiale representa uma inspiração
para todos os investigadores e entusiastas científicos nas mais diversas áreas. Aqui representou-se uma prova de que a recusa das publicações nem sempre está relacionada com a qualidade dos trabalhos que se submetem. |