O JornalDentistry/Wisdom Consulting em 2016-11-15
Os avanços científicos na saúde intestinal da autoria do Professor Henrique Veiga Fernandes do IMM e no cancro gástrico liderado pelo Professor Pimentel Nunes do IPO do Porto são as investigações vencedoras da 60ª edição dos Prémios Pfizer.
Os Prémios Pfizer – os mais antigos galardões na área da Investigação Biomédica atribuídos em Portugal. Os dois cientistas distinguidos são autores de dois projetos de investigação – um de investigação básica e um de investigação científica – selecionados pelo júri entre os 56 trabalhos concorrentes a estes prémios.
A cerimónia da entrega dos prémios – no valor de 20€ mil para cada categoria de investigação (básica e clínica) – vai ser esta tarde presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa na Antiga biblioteca do Convento do Beato, em Lisboa. O evento que também pretende celebrar os 60 anos dos prémios Pfizer contará com uma conferência sobre o tema “Pensar a Ciência” com o Professor Emérito Jorge Calado. O Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes fará uma intervenção na sessão de encerramento da cerimónia.
Na categoria de investigação básica, foi declarado vencedor o projeto assinado por Henrique Veiga Fernandes do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina de Lisboa, intitulado “O Sistema nervoso como guardião da imunidade intestinal”. Este trabalho permitiu identificar a expressão de uma nova molécula, RET, que é expressa pelos linfócitos inatos intestinais. Esta molécula é essencial para a proteção das mucosas e regulação da inflamação intestinal. RET funciona assim como um “interruptor” que quando ligado protege o intestino de agressões inflamatórias. De forma surpreendente, as células da neuróglia, anexas aos linfócitos inatos, ligam o “interruptor" RET após detetarem sinais produzidos por microrganismos ou células em apuros. As células da neuróglia recebem assim sinais do intestino e dão instruções ao sistema imunitário para reparar os danos, abrindo assim portas para a possível exploração terapêutica deste sistema. O nosso trabalho revela ainda uma troica multicelular formada pela neuróglia, linfócitos inatos e epitélio, que controla a defesa intestinal, indicando por fim que as células da neuróglia são peças centrais do funcionamento intestinal ao controlarem simultaneamente a função nervosa e imunitária.
Na categoria de investigação clínica, foi declarado vencedor o projeto assinado por Pedro Pimentel-Nunes do Instituto de Oncologia do Porto, intitulado “Estudo prospectivo multicêntrico da utilização em tempo real da cromoscopia por NBI no diagnóstico de condições e lesões gástricas pré-malignas”. Este trabalho tratou-se de um estudo prospetivo multicêntrico envolvendo 5 centros de gastrenterologia mundiais (Portugal, Itália, Roménia, Reino Unido e Estados Unidos), 238 doentes e 1123 biopsias endoscópicas.
O objetivo principal foi avaliar a acuidade diagnóstica em tempo real da endoscopia alta com NBI - Narrow-band Imaging (NBI). A endoscopia sem NBI apresentou uma acuidade diagnóstica de 83% e a utilização de NBI aumentou essa acuidade em 11% para 94% (p<0.01). A principal vantagem do NBI foi na sensibilidade para identificação de tumores precoces (NBI 92% vs 74%) e na identificação de metaplasia (NBI 87% vs 53%, p<0.001), sendo que uma escala endoscópica com NBI permitiria o diagnóstico de condições pré-malignas com 98% de certeza. Estes resultados mostram pela primeira vez num cenário clinico em tempo real que a endoscopia com NBI tem uma grande correlação com a histologia no diagnóstico de lesões pré-malignas gástricas. A sua utilização por rotina pode aumentar a deteção precoce de cancro gástrico com diminuição da sua mortalidade.
60 anos ao serviço da investigação biomédica
Instituídos em 1955, os Prémios Pfizer de Investigação distinguem os melhores trabalhos de investigação básica e clínica, elaborados total ou parcialmente em instituições portuguesas por investigadores portugueses ou estrangeiros e conferem anualmente um prémio monetário no valor de 20.000 euros para cada um dos projetos vencedores em cada área.
Na edição deste ano foram apresentados 56 trabalhos para avaliação do júri, correspondendo 36 candidaturas à área da Investigação Básica e 20 á área da Investigação Clínica. Ao longo destes anos, os Prémios Pfizer de Investigação foram atribuídos a cerca de 700 investigadores, tendo sido premiados 225 trabalhos.
Desde o início, os Prémios Pfizer têm marcado de uma forma positiva a investigação que se faz em Portugal e afirmam-se como um incentivo aos jovens investigadores, abrindo a porta para uma carreira científica. No passado, já receberam esta distinção reputados cientistas portugueses como João Lobo Antunes (1960 e 1969), António Damásio (1974), Alexandre Castro Caldas (1974, 1976 e 1999), Maria do Carmo Fonseca (1981,1987, 1989, 1995, 2002, 2011) Miguel Castelo Branco (2005 e 2006), Mónica Bettencourt Dias (2007 e 2012), Miguel Soares (2009, 2015), Bruno da Silva Santos (2009), Moisés Mallo (2004, 2005 e 2010), entre tantos outros.
Os Prémios de Investigação Pfizer resultam de uma parceria entre os Laboratórios Pfizer e a Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, com o objetivo de contribuir para a dinamização da investigação em ciências da Saúde em Portugal
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